| CRÍTICAS | Besta

Jersey é uma das ilhas do Canal, um pequeno conjunto de ilhas inglesas situadas no Canal da Mancha. Apesar de ser a maior do grupo, não tem mais do que 100 mil habitantes. E é Jersey a principal personagem de Besta, o filme de estreia de Michael Pearce.

É que Jersey é um daqueles locais que se parece consumir a si próprio e onde o tempo custa mais a passar. Por isso, a forma passivo-agressiva com que a mãe de Moll (Jessie Buckley) a trata torna-se ainda mais sufocante e a pequena comunidade da ilha é ampliada até níveis de clastrofobia pouco suportáveis.

Por isso, a Besta do título do filme tanto se pode referir à ilha em si, como à própria Moll, uma vez que aqui não há inocentes, todos são culpados. Ou será que a Besta é Pascal (Johnny Flynn), o desalinhado por quem Moll se apaixona e que é o principal suspeito das violentas mortes de raparigas que têm acontecido em Jersey?

Por entre o jogo de espelhos e o filme de suspense, Besta move-se por entre a influência de Alfred Hitchcock e Thomas Vinterberg, especialmente na forma como este último explora a relação (normalmente perniciosa) entre a comunidade e o indivíduo. No entanto, por entre estas boas ideias, dá a impressão que, às tantas, Michael Pearce se descontrola e perde o fio à meada.

No fim, Besta pode não cumprir as expectativas que prometeu ao início, mas não deixa de ser uma proposta que merece atenção. Nem que seja para descobrir Jessie Buckley, que tem tudo para vir a ter um futuro brilhante na representação. Para já, tem um McChicken para jantar, o que não é nada mau em tempos de fome.

Título: Beast
Realizador: Michael Pearce
Ano: 2017

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