Basta olhar para uma das várias fotografias de Pripyat que andam pela internet para ficarmos automaticamente fascinados pelo local. A cidade ucraniana que servia de dormitório a Chernobil e que, em 1986, foi evacuada em menos de nada quando reactor número quatro da central deu o peido mestre, permanece como uma das mais bem conservadas cidades-fantasma do mundo e uma autêntica cápsula do tempo da fase final soviética. Por isso, é normal que seja um dos destinos favoritos dos chamados turistas radicais, apesar de estar, oficialmente, vedada ao público.
Bradley Parker montou um saudável série b à volta de Pripyat, com um grupo de jovens em eurotrip que decidem dar um pulo à cidade-fantasma. Obviamente que, se para um americano a Europa já é um destino suficientemente exótico (basta olhar para Hostel e respectivas sequelas), uma localidade como Pripyat é duplamente atractiva. Por isso, monta-se um herói colectivo (quatro americanos, uma norueguesa, o namorado desta e um guia local) e embarca-se num survivor movie.
Tendo noção das expectativas da sua demanda e das respectivas limitações, Parker tem o bom senso de não inventar e não está cá para merdas. Não há cá subplots existencialistas ou a habitual tendência para criar casos amorosos (nem que seja para mostrar alguma pele), limitando-se basicamente às reacções extremas de sobrevivência, gritos entre si e algumas atitudes extrapoladas; também não cai na parvoíce de criar monstros e monstrinhos em CGI, limitando-se a dar ao inimigo a forma de uma multidão de mutantes radioactivos, com gosto pela matança geral, que nem sequer se vêem muito bem. Os Diários De Chernobyl é assim uma espécie de Os Olhos Da Montanha, versão ucraniana.
Claro que depois as personagens têm a tendência de escolherem sempre o pior caminho e aquele irritante síndrome de olha uma sala escura e assustadora, vamos ver o que há lá dentro, mas Bradley Parker tem noção dos códigos do género e joga-os de forma segura. Por isso, Os Diários De Chernobyl é um económico série b, sem pele mas sem invenções desmioladas, sem gore mas também sem parvoíces gratuitas e sensacionalistas. Vê-se bem com os amigos, come-se um McChicken para acompanhar e, no final, já não nos lembramos de nada.
Título: Chernobyl Diaries
Realizador: Bradley Parker
Ano: 2012