Há que elogiar a tenacidade e resiliência da DC Comics (leia-se teimosia e estupidez). Mesmo depois de todos os desastres dos seus filmes, que levam invariavelmente ao ódio dos fanboys, da crítica e do público em geral (a excepção, além dos Batmans do Nolan, terá sido o Mulher-Maravilha), a DC continua a insistir em mais filmes e em tentar criar um universo cinematográfico integrado à semelhança da Marvel.
Liga da Justiça é o equivalente da DC aos Vingadores e é uma espécie de lado b de Suicide Squad. Enquanto esse era uma equipa de vilões que se unia para salvar o mundo, este é a (ultimate) equipa de super-heróis que se une para salvar o mundo, culminando uma série de filmes da DC mais ou menos desinteressantes. Desta vez, a ameaça vai ser Steepenwolf, uma espécie de semi-deus que, depois do one hit wonder imortalizado no Easy Rider, decide tentar um comeback e subjugar a Humanidade.
Tal como Suicide Squad, a Liga da Justiça sofre de um problema de equilíbrio. Obviamente que o Batman e o Super-Homem são aqui o núcleo duro da equipa (e do filme e da própria DC), a quem se junta a Mulher-Maravilha (graças a um filme simpático e a Gal *suspiro*Gadot) e o Aquaman (filme horrível, mas que aproveitou o estado de graça de Jason Mamoa e James Wan). Mas depois o Flash (Ezra Miller) e Cyborg (Ray Fisher) são apenas apêndices. Até o Alfred (Jeremy Irons) tem mais impacto do que esses dois.
Aliás, a DC tem sempre esse problema de que as suas personagens são mais arquétipos do que outra coisa qualquer. E, para quem segue a Marvel mais de perto, há sempre um ar de lado genérico nos heróis e vilões menos conhecidos, que depois se reflectem nos filmes mais formulaicos. Por exemplo, olhemos para Cyborg, um herói que consiste num humano que foi cruzado com uma máquina, transformando-se num… cyborg. Há algo mais genérico que isso?
Mas independentemente das voltas que desse, Liga da Justiça iria ter apenas um ponto de interesse: o regresso do Super-Homem (Henry Cavill). Depois do momento ridículo de Batman vs. Super-Homem – O Desperar da Justiça, em que ambos fizeram as pazes depois de perceberem que tinham uma mãe com o mesmo nome(!) (continua a soar ridículo sempre que o dizemos em voz alta), lá arranjam foram de ressuscitar o Homem de Aço. Ele volta à vida, fica confuso e vai passar uns momentos a um filme do Terence Malick com a Amy Adams e rapidamente tudo volta ao normal. Faceplam. Batalha final. Happy end. Nesta coisa do universo cinematográfico da DC já chegámos aquele ponto em que escolhemos os hamburgueres finais com base naquela bitola do não é tão mau como pensei que fosse. Ou seja, Liga de Justiça é um Double Cheeseburger melhor do que pensava…
Título: League of Justice
Realizador: Zack Snyder
Ano: 2018