O reboot do Homem-Aranha pela Marvel, às mãos de Jon Watts, fez-se com um Peter Parker mais jovem e umas nuances mais juvenis. Isso aproximou Homem-Aranha – Regresso a Casa do teen movie, com influências de John Hughes, onde até O Rei dos Gazeteiros era directamente referenciado por Watts.

Tendo em conta esse padrão, podíamos pensar que agora a sequela, Homem-Aranha – Longe de Casa, tinha como referência o Que Paródia de Férias, nomeadamente o Perigo: Americanos na Europa. Afinal de contas, o filme segue um Peter Parker em visita de estudo pela Europa, à medida que se vai vendo a braços com a ameaça dos Elementos e de Mysterio (Jake Gyllenhaal). No entanto, o filme rejuvenesce ainda mais, aproximando-o inesperadamente de um… Spy Kids.

Como se isso não bastasse, Homem-Aranha – Longe de Casa tem ainda outro problema: Mysterio (que, depois do Abutre, prova que as sequelas se vão encaminhar todas para o surgimento do Sexteto Sinistro). Não é que Jake Gyllenhaal seja um mau vilão, antes pelo contrário. Além disso, não deixa de ser irónico que ele seja agora o mau do Homem-Aranha, quando em tempos ele foi associado ao papel do próprio Aracnídeo, quando a série estava nas mãos de Sam Raimi e a máscara entregue a Tobey Maguire (Jon Watts é muito bom neste jogo de referências e de cultura popular). O problema com Mysterio é que este é uma personagem que joga com ilusões. Ou seja, com CGI. E isso dá carta branca para que o filme seja uma masturbação de efeitos digitais, bem ao gosto dos estúdios actualmente.

Tudo isso baixa consideravelmente o efeito de suspensão de descrença de Homem-Aranha – Longe de Casa. Obviamente que continua a ser um rebuçado aos olhos ver o Aracnídeo em modo de filme-catástrofe em landmarks europeias (Veneza, Praga, Amesterdão…), há piadas bem esgalhadas, Marisa *suspiro* Tomei continua bem presente, mas tudo junto não passa de um Happy Meal. Provavelmente o pior Homem-Aranha a seguir dos desastres de Andrew Garfield.

Título: Spider-Man: Far From Home
Realizador: Jon Watts
Ano: 2019