Apesar de já ter melhorado um bocadinho, a DC Comics ainda continua a apalpar terreno e a tentar encontrar uma estratégia que funcione com o seu universo cinematográfico. Desta vez, olhou para o vizinho do lado e decidiu tentar experimentar o estilo descontraído de um Homem-Formiga ou de um Guardiões da Galáxia. Olhou depois para o seu catálogo de heróis ainda por adaptar e resolveu-se por este: Shazam!.
A verdade é que Shazam não é um super-herói convencional e, por isso, o seu filme também não poderia ser igual aos outros. Ao contrário dos outros heróis, que são homens feitos ou jovens adultos, Shazam é um miúdo de 15 anos – Billy Batson (Asher Angel), que recebe de um mágico ancião os poderes de se transformar num super-herói com todos os super-poderes básicos (força, a habilidade de voar, raios pelas mãos, velocidade…) e num homem feito.
Portanto, Shazam! é uma espécie de Big dos super-heróis, em que o próprio filme assume declaradamente essa referência, com um piano numa loja de brinquedos e tudo (if you know what I mean). É o coming of age mais alternativo de sempre e uma metáfora aquele passo decisivo que é o de entrar na vida adulta, assumir as responsabilidades da vida e descobrir que, afinal, crescer é uma armadilha. E é um filme sobre a família e a amizade, ou não fosse Billy Batson um órfão sempre em fuga de orfanatos e casas de correcção.
Mas como Shazam! é também um filme de heróis, Billy Batson vai ter que descobrir e aprender a usar os seus poderes. Por isso, vai ter igualmente o seu momento Super-Quê?, com a diferença de que estamos a falar de um miúdo no corpo de um adulto com super-poderes. Shazam! é um filme para um público mais jovem, uma espécie de Spy Kids da DC.
Esta é a parte boa de Shazam!, mas nem tudo são rosas. Infelizmente, é um filme desequilibrado onde lhe faltam algumas coisas importantes. Falta-lhe um mau mais articulado (Mark Strong é mais um arquétipo do que um vilão), falta-lhe melhor CGI nos monstros que acompanham o mau e, principalmente, falta-lhe um outro actor principal. É que Zachary Levi é um canastrão sem jeito nenhum para o papel, sempre a tentar recriar o estilo mais anarquista de Deadpool, e que, por isso, demora a encontrar o tom certo do filme. Shazam! é um super-hero para toda a família e pode vir a dar um franchise bem interessante. Começa pelo Cheeseburger, mas tem tudo para vir a crescer.
Título: Shazam!
Realizador: David F. Sandberg
Ano: 2019