| CRÍTICAS | Tyler Rake – Operação de Resgate

Lemos a sinopse de Tyler Rake – Operação de Resgate (quem escolheu este título em português?) e só conseguimos ver a descrição do filme de acção genérico #376: um mercenário altamente treinado na arte de matar, com um ligeiro instinto suicida, aceita uma missão suicida para resgatar o filho dum mafioso no Bangladesh. Por outras palavras, Tyler Fake – Operação de Resgate é apenas um pretexto mal amanhado para um killer spree de Chris Hemsworth e, quem sabe, para criar o seu próprio franchise para ir pagando as contas (e o último plano, além de arruinar (ainda mais) o filme, é bem capaz de servir para isso mesmo).

Tyler Rake – Operação de Resgate monta-se em três tempos, com a economia de um série b. Tyler Rake (Chris Hemsworth) é então o mercenário que vai ser contratado para ir buscar o filho (Rudhraksh Jaiswal) de um mafioso do Bangladesh. No entanto, depois de um par de atribulações, o miúdo torna-se descartável, mas um improvável instinto paternal (em que um ligeiro flashback tenta explicar, sem sucesso) faz Tyler Rake mante-lo sob a sua guarda até às últimas consequências.

No fundo, é tudo um pretexto muito mal amanhado para o realizador Sam Hargrave filmar Chris Hemsworth matar tudo o que mexa. E não há mal nenhum nisso. Até porque há momentos em que Tyler Rake – Operação de Resgate parece um The Raid, versão Bangladesh. As sequências são extremamente violentas, muito mais do que seria necessário, e o bodycount é assustador. Além disso, um par de sequências em long shot, por entre perseguições de carro, tiroteios e lutas com facas, sobem a temperatura até ao vermelho, deixam-nos com o coração nas mãos e a adrenalina a mil. É uma espécie de 1917 em esteróides.

Claro que tudo isto é muito giro, mas quem é que aguenta duas horas só de fogachada? Sam Hargrave ainda atira lá para o meio David Harbour, para o habitual número do amigo que trai o herói, e dá-lhe um sidekick por breves momentos (Randeep Hooda), mas nada disso serve para dar qualquer emoção, suspense ou qualquer outro sentimento ao filme. Tudo é uma matança do porco tão hiperbólica, que às tantas perde o seu próprio sentido. E é ainda um bocadinho racista, com o Bangladesh a ser filmado com aquele filtro amarelo de favela-chic, onde todas as crianças são ladrões e assassinos (claro!). Tyler Rake – Operação de Resgate vê-se sem enfado, até porque toda a gente gosta de ver Chris Hemsworth a partir o pescoço dum mau a atirar-lhe o corpo doutro mau, mas assim que terminamos a última dentada do Double Cheeseburger já não temos a certeza do que acabámos mesmo de ver.

Título: Extraction
Realizador: Sam Hargrave
Ano: 2020

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