| CRÍTICAS | #Alive

Os filmes de zombies sempre serviram de metáforas para os problemas do mundo moderno, do capitalismo ao racismo. Por isso, não é de admirar que surja um filme do género para rimar com a actual pandemia do novo coronavírus. É certo que qualquer filme que estreia nesta altura, que tenha levemente qualquer referência a confinamentos, isolamento ou a vírus, acaba por ser conotado com o que estamos a viver desde março, mas #Alive vai um pouco mais longe.

Era também uma questão de tempo até estrear um filme com um hashtag no título. #Alive, grande sucesso na sua Coreia do Sul natal, onde se tornou no primeiro filme de sempre do país a encabeçar a lista das tendências mundiais da Netflix, é a história de um gamer (Ah-In Yoo, o miúdo de Em Chamas) que um dia acorda e há um vírus à solta lá fora. A diferença é que, quem fica infectado, rapidamente se transforma num zombie devorador de carne humana.

Ah-In Yoo não tem qualquer skills de sobrevivência, por isso a sua única chance de se manter vivo é ficar em casa. Sem sair. A actualizar as redes sociais (pelo menos enquanto a net funcionar). E, pelo menos, até a comida acabar. Estão a ver as semelhanças com o nosso confinamento? É certo que o nosso vírus não é assim tão destrutivo e há que o dizer, se há coisa que #Alive é, é destrutivo. Os seus zombies são extremamente sanguinários e há sangue por todos os lados. Literalmente, #Alive é o filme de zombies mais sanguinário da história do cinema.

Só que o realizador Il Cho nunca tem propriamente nada para dizer no seu filme. Ah-In Yoo está fechado em casa, sem grandes perspectivas de futuro. Ok, e agora? Por vezes, parece que vai pela via da saúde mental, mas não, é apenas impressão. Por outras, parece querer ir experimentar o survivor movie, mas também não, isso rapidamente passa. Por isso, #Alive fica-se ali pela mediocridade, à espera que algo aconteça.

Esse algo é, então, a inserção de uma personagem feminina e, depois, de um relampejo final de survivor movie, com a entrada em cena de um vizinho, para uma tentativa desesperada de inflar #Alive com emoções. No entanto, é bem mais emotivo as poucas cenas com zombies vorazes, do que o resto. E isso é o suficiente para a nossa dose mensal de mortos-vivos. Para o que é, o Double Cheeseburger chega bem.

Título: #Saraitda
Realizador: Il Cho
Ano: 2020

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