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Estamos habituados a ver Nicolas Cage em tantas situações esquisitas – especialmente nestes anos mais recentes da sua carreira, em que vai a tudo – que já é difícil espantar-nos com qualquer papel. No entanto, pouca gente estaria à espera de um Nicolas Cage assim, em Desejo Inconcebível. Um Nicolas Cage pai de família, tranquilo, sossegado e em underacting.
Na verdade, Nicolas Cage nem sequer é o protagonista de Desejo Inconcebível. Aliás, ele só está aqui para fazer o mesmo que faz a mesinha de cabeceira do meu quarto: decorar! E para emprestar o nome ao n-ésimo série b que tenta aproveitar o seu nome. E para um par de cenas ridículas, como aquela em que fica chateado com a mulher que não quer pinar porque está traumatizada do aborto que teve. Mesmo assim, o mais estranho é o facto de andar por lá também Faye Dunaway. O que é que lhe aconteceu para acabar a vida a fazer de extra em filmes xunga?
Mas regressemos a Desejo Inconcebível e às verdadeiras protagonistas, já que este é um filme extremamente feminino, sobre o instinto de maternidade. Angela (Gina Gershon) é a esposa de Nicolas Cage, enfermeira que tem dificuldades em engravidar; Katie (Nicky Whelan) acabou de fugir de uma relação abusiva, onde esfaqueou o marido (tudo em flashbacks manhosos que vão aparecendo ao longo do filme, revelando sempre um bocadinho mais de cada vez). As duas tornam-se bff de forma casual, a segunda muda-se para o anexo do casarão onde vive a primeira e, porque tem tudo para correr bem(!), Angela pede a Katie para ser a barriga de aluguer da sua segunda filha.
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Obviamente que há um twist no meio disto tudo, mais ou menos previsível, que transforma Desejo Inconcebível em thrillr psicológico, género que tem sido muito pouco acarinhado nos últimos anos. É certo que nada disto é novo (alguém mencionou A Mão que Embala o Berço?), mas o problema é que nunca foi tão mal feito como este. E nem estou a falar da sua realização desinspirada, de escala televisiva de telefilme. Estou a falar dos buracos no argumento, nos quais conseguimos enfiara mão e o braço toda lá dentro, ou as cenas totalmente risíveis.
Já vos falei de quando Nicolas Cage fica chateado porque a mulher não querer pinar depois de abortar? Pois, anda tudo nesse nível. E, no final, é ainda extremamente desonesto, apenas para o realizador Jonathan Baker levar a dele avante. Vou spoilar, não quero saber. Na última cena, depois de Angela ir para o hospital entre a vida e a morte, o médico entra na sala de espera e diz a Cage que a esposa morreu. Mas… plot twist, afinal não morreu, era brincadeirinha, apenas para enganar o espectador para a última cena de Desejo Inconcebível. Muito mau para ser verdade.
Por isso, por mais que tente parecer profundo e mindfucked, Desejo Inconcebível é apenas um Happy Meal mal amanhado. Aliás, o mais certo, se o encomendarem, até é que a caixa venha vazia, tão desprezível que é. E já agora, desde quando é que Nicolas Cage e Gina Gershon, cinquentões, convencem enquanto aspirantes a pais?
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Título: Inconceivable
Realizador: Jonathan Baker
Ano: 2017
Nicholas Cage perdeu mesmo a vergonha de participar de filme ruim.
Sua crítica foi péssima! É um filme muito ok sinceramente!
Sobre eles serem cinquentões tentando ter filhos, acredito que o fato de ela não poder ter filhos explica isso muito bem! Parece que nem viu o filme!
Dou 4 estrelas fácil!
Obrigado pelo comentário. Fico feliz que tenha gostado do filme. Um abraço