| CRÍTICAS | Os Novos Mutantes

Eu sei que é difícil encontrar coisas boas que a covid-19 tenha trazido, mas eu dou-vos uma: acabaram-se os filmes da Marvel! É certo que também não têm havido muitos outros filmes nas salas de cinema, mas deixem-me lá olhar para o copo meio cheio, ok? A única excepção, mas que é a que confirma a regra, foram Os Novos Mutantes.

Mas como Os Novos Mutantes não é um filme típico de super-heróis, se calhar nem conta para esta contabilidade. E nem sequer estou a falar do facto deste ser o último filme com mutantes com o selo da 20th Century Fox, já que a Marvel adquiriu os direitos dos X-Men. Refiro-me antes ao facto deste ser um filme de fantasmas e ao facto de poder ser visto quase como um stand alone entre os restantes títulos do franchise.

Os Novos Mutantes começa então com Dani Moonstar (Blu Hunt) a colapsar durante uma estranha catástrofe natural (ou paranormal?), para acordar logo de seguida num estranho hospital-escola. Sim, adivinharam. Dani Moonstar é uma mutante e acaba de ser levada para uma instituição, onde outros jovens mutantes tentam aprender a controlar os seus poderes e a aceitar a sua condição, antes de serem reintegrados na sociedade.

Para mansão do professor Xavier a casa está um pouco vazia, já que o único responsável lá é a doutora Reyes (Alice Braga). Mas a turma também não é grande. É uma espécie de grupo de mutantes Benetton, de várias cores e nacionalidades. Assim, além de Dani Moonsstar, nativa-americana, temos o brasileiro Roberto (Henry Zaga), a escocesa Rahne (Maisie Williams), a russa Iliyana (Anya Taylor-Joy) e o americano Sam (Charlie Heaton).

Está montado o cenário perfeito para uma espécie de O Clube, versão mutante, mas obviamente que o realizador Josh Boone não tem unhas para essa guitarra. Além disso, ninguém quer fazer um blockbuster sobre jovens traumatizados, a lutarem com os seus fantasmas interiores (mesmo que estes se manifestem através de super-poderes cool). Por isso, rapidamente Os Novos Mutantes se transformam numa simples ghost story – sim, porque a mansão parece estar assombrada -, em que têm que lutar contra uma versão genérica do slender man com a voz do Marilyn Manson (a sério?) e mais um par de coisas do mundo da magia, que fazem com que o acto final seja uma masturbação de CGI directamente retirada do Sucker Punch – Mundo Surreal.

Os Novos Mutantes é assim um exemplo claro de como desbaratar em meia hora todo o potencial de uma boa ideia, numa execução preguiçosa e numa abordagem ao tema mais do que batida. Josh Boone pode vir dizer as vezes que quiser que John Hughes e Stephen King foram as suas influências para isto, mas eu também posso dizer que o Cheeseburger já é comida a mais para a fome que temos. Quem é que será que tem razão?

Título: The New Mutants
Realizador: Josh Boone
Ano: 2020

One thought on “| CRÍTICAS | Os Novos Mutantes

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