| CRÍTICAS | Freaky – Este Corpo Fica-me a Matar

Freaky Friday é um popular livro infantil escrito por Mary Rodgers, em 1972, que conta a história de uma mãe e filha que trocam de corpo durante 24 horas, levando muito a peito a máxima walk a mile in my shops. A Disney adaptou o livro ao cinema logo depois, com Barbara Harris e Jodie Foster, faria um remake em 95 e uma versão musical em 2018. Também em 2003 surgia nas salas uma nova versão, desta vez com Jamie Lee Curtis e Lindsay Lohan.

Até que Cristopher Landon teve uma daquelas ideias de um milhão de dólares: fazer uma variação de Freaky Friday, mas em que a jovem trocasse de corpo com… um serial killer. Ou seja, seria um teen movie meets slasher. E queria chamar-lhe Freaky Friday the 13th. Na verdade, este título é que valia o milhão de dólares… Em Portugal chamaram-lhe Este Corpo Fica-me a Matar porque há uma lei que diz que todas as comédias têm que ter uma tradução parva.

Afinal de contas, estamos a falar do mesmo homem que escreveu uma versão teenager de Janela Indiscreta. Ou seja, Cristopher Landon sabe da poda. No entanto, enquanto que Paranóia era um filme mais sério, Freaky – Este Corpo Fica-me a Matar é uma sátira aos slashers. Aliás, Freaky – Este Corpo Fica-me a Matar é um slasher fora de época, já que ficaria muito bem ali no final dos anos 90, naquela fase dos slashers meta-referenciais.

A abertura de Freaky – Este Corpo Fica-me a Matar é todo um tributo a esse subgénero. Num casarão suficientemente isolado para ninguém os ouvir gritar, quatro adolescentes contam histórias sobre um antigo serial killer que adorava decepar jovens sem motivo aparente. Parecem histórias da carochinha para assustar os mais incautos, mas eis que surge Vince Vaughn de facalhão e máscara a lembrar uma mistura entre Jason Voorhees e Michael Myers, que enceta uma matança do porco bem gore e em que cita vários slashers, de Sexta-Feira 13 a A Noite do Espanto.

Depois entra em cena uma adaga Maia, Vaughn tenta matar Kathryn Newton, a falhada do liceu local, mas falha e ambos trocam de corpo. Têm agora 24 horas para reverter a maldição antes que ela se torne permanente. Cristopher Landon descarta qualquer gore e embarca na comédia adolescente, percorrendo todos os lugares-comuns do género, mas com uma miúda adolescente encarcerada no corpozão de Vince Vaughn. Ainda há pouco tempo o vimos como uma máquina de matar infernal em Rixa no Bloco 99 e agora aqui anda ele, a fazer de miúda adolescente com as hormonas aos saltos e uma paixoneta pelo tipo dos Panic! at the Disco.

Freaky – Este Corpo Fica-me a Matar sabe ao que vem e não desilude. Também é certo que não arrisca a ser mais do que aquilo que é, mas pronto, mais vale ser muito bom naquilo que sabe do que falhar redondamente em tentar algo novo. Ou não, não sei. Depende do ponto de vista. O que sei é que Freaky – Este Corpo Fica-me a Matar vê-se sem fastio, mas depois ficaria condenado a tardes de domingo de ressaca. Mas aquelas ressacas leves, que às 5 da tarde já estão curadas, depois de termos mandado vir na Uber eats um Cheeseburger bem gorduroso.

Título: Freaky
Realizador: Cristopher Landon
Ano: 2020

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