Tal como muitas outras coisas, Cristopher Nolan também não nos ensinou nada de novo com viagens no tempo e buracos negros. Muitos anos antes de Interstellar já Paul W. S. Anderson nos tinha explicado que a distância mais curta entre dois pontos não é uma linha recta, mas sim dobrar o espaço-tempos utilizando uma folha dobrada para o demonstrar. Foi em O Enigma do Horizonte, o filme que lhe continua a dar crédito para continuar a receber dinheiro para estragar filmes.
O Enigma do Horizonte é um filme sci-fi que mistura de viagens no tempo com descidas ao inferno, incluindo muito sangue, matança do porco e assombrações. O filme é ainda um exercício semelhante ao de Matrix: um copy paste de situações que já vimos em outros filmes, mas sob novos moldes, que quase dá a impressão de que tudo aquilo é original. Se em Matrix tínhamos Ghost In The Shell ou Um Amanhã Melhor, em O Enigma do Horizonte temos Shining (os únicos dois filmes do mundo a terem cascatas de sangue) ou A Casa Maldita, ou não fosse este uma variação espacial do tema da casa assombrada.
Realmente, a premissa de uma casa assombrada no espaço até tinha bastante interesse. Uma equipa de resgate viaja até Neptuno para perceber o que se passou com uma nova que desaparecera quase uma década antes sem aviso, acabando por se verem presos (e ameaçados) nela. O ambiente claustrofóbico, sem sítio para fugir, é semelhante a Alien – O Oitavo Passageiro e isso é uma coisa boa. No entanto, a ideia de a própria “casa” ser o fantasma é que, pronto… Mas bem feitinho, até era capaz de dar uma coisa gira.
Contudo, apesar de conseguir ter os seus momentos – Paul W. S. Anderson é um tipo que até sabe usar o gore (as cenas infernais até são giras, admita-se) e o ambiente xunga e low budget dá ao filme algum charme -, O Enigma do Horizonte mete os pés pelas mãos, especialmente nos últimos vinte minutos quando começa a auto-destruir-se, ao esforçar-se por pisar todos os clichês do género. E, no final, lá tem que sobreviver o casal da praxe. Uma pena, porque até aí a única coisa à Paul W. S. Anderson tinha sido só aquela mensagem em latim, que ninguém na NASA tinha decifrado, mas que um dos tripulantes captou logo à primeira – pois, vou morrer e então vou pedir socorro desesperadamente numa língua morta. Sounds legit.
O Enigma do Horizonte não é o único filme bom de Paul W. S. Anderson, é antes o menos mau do realizador. Até sou homem para lhe dar um McChicken num dia de boa disposição. Mas agora não me lixem, porque o filme não lhe dá crédito suficiente para realizar tanto lixo.
Título: Event Horizon
Realizador: Paul W. S. Anderson
Ano: 1997