| CRÍTICAS | Buzz Lightyear

É certo que longe vão os tempos que os filmes da Pixar eram cada cavadela cada minhoca, mas a antiga empresa de Steve Jobs e John Lasseter ainda tem street cred acumulado suficiente desde essa altura. É por isso que, sempre que estreiam um filme novo, não resistamos a fazer estes exercícios. Por exemplo, de realçar que Buzz Lightyear é o primeiro spin-off da Pixar (será que vamos ter um universo cinemático do Toy Story?) ou que é o primeiro filme da empresa a ter estreia cinematográfica desde ‘Bora Lá. Isso é relevante para Buzz Lightyear? Nem por isso, mas faz parte dessa credibilidade construída, que nos obriga constantemente a esse olhar para trás e constante reavaliação de cada filme em comparação com os anteriores.

Toda a gente conhece a história de Buzz Lightyear, a action figure que Andy recebe nos anos, no primeiro Toy Story, e que se torna, primeiro, no rival do cowboy Woody, e depois no seu melhor amigo. O que agora temos diante de nós é o filme de ficção-científica em que esse brinquedo se baseia. Ou seja, apesar de conhecermos a personagem de Toy Story (e apesar de ser um bio-pic), Buzz Lightyear não tem nada a ver com Toy Story. Isso não significa que não reconheçamos algumas coisas, como algumas frases de marca de Buzz (sim, há o para o infinito e mais além, mas não só) ou o seu nemésis, Zurg (voz de James Brolin).

Buzz Lightyear (voz de Chris Evans) é então um Ranger do Espaço, em missão de reconhecimento num planeta novo e longínquo, juntamente com Alisha (Uso Aduba). No entanto, quando são atacados por uns tentáculos gigantes subterrâneos e tentam fugir, um erro de cálculo na trajectória de fuga fá-los ficarem presos naquele planeta. Felizmente, viajava na mesma nave uma tripulação de várias centenas de cientistas, que vão permitir assentar arraias naquele rochedo longe de casa e começar uma nova vida, enquanto procuram encontrar uma forma de regressar a casa.

Já todos vimos este filme em Toy Story – Os Rivais. Buzz é um tipo demasiado orgulhoso e arrogante para delegar ou confiar nos colegas e, aquela teimosia em fazer tudo sozinho, não só fazem com que os seus erros resultem em danos para todos os outros, como também o isolam. Obviamente que a curva narrativa vai levar à sua redenção, reconhecendo o que está a fazer mal, se bem que isso pode ser demasiado tarde. Ou não. É precisamente aí o trunfo da Pixar, que sabe sempre trabalhar a emoção com mestria, mesmo em filmes que se repetem (como é este o caso).

O grande atractivo de Buzz Lightyear será então a aventura espacial e, talvez daí, a Pixar tenha optado novamente por estrear o filme em sala. Afinal de contas, que outro sítio para ver todo o espectáculo da ficção-científica espacial que não o grande ecrã? O que ninguém esperaria de um filme juvenil era que, de repente, estivemos enleados em viagens no tempo e time loops desta dimensão. Cristopher Nolan sentou-se logo a tirar notas. Buzz Lightyear faz referencia a vários clássicos (de 2001: Odisseia no Espaço a Guerra das Estrelas), introduz um novo sidekick (um gato-robot, SOX) e mantém a história legível, apesar de complicada. Não tem nenhum golpe de asa ou outro abanão que o coloquem ao nível dos melhores filmes da Pixar, mas isso é porque a fasquia ainda continua muito elevada. Mesmo assim, até o Double Cheeseburger da Pixar é melhor do que a maioria dos desenhos-animados (dos filmes?) que estreiam aí semanalmente.

Título: Lightyear
Realizador: Angus MacLane
Ano: 2022

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