| CRÍTICAS | Brilhantina

O que dizer de um filme sobre o qual já tudo foi dito? Brilhantina é, quase unanimemente, um dos melhores musicais de sempre e um filme que toda a gente conhece (ou, pelo menos, que consegue reconhecer uma ou duas cenas, nem que seja por ver a VH1 com alguma regularidade). Por isso, o que podemos escrever sobre Brilhantina?

Podemos começar pelos factos. Brilhantina, o musical icónico que colocou John Travolta e Olivia Newton-John nos píncaros da popularidade (apesar do primeiro já ter feito Carrie e, claro, Febre De Sábado À Noite, clássico disco-gay), recupera o brilho da década de 50, da cultura greaser e rocker, um pouco à semelhança de outro musical que toda a gente conhece: Amor Sem Barreiras. A história é a do amor entre Danny (John Travolta), o líder de uma gangue de jovens rebeldes, e Sandy (Olivia Newton-John), a nova aluna do liceu chegada da Australia, que têm que derrubar as barreiras sociais e serem aceites juntos dos seus por causa disso.

Começamos por nos lembrar de O Selvagem, mas com carros em vez de motas: a cultura das gangues juvenis, o estilo greaser e o lado rebelde dos adolescentes sem causa. Mas Brilhantina é um filme mais juvenil, com mais hormonas e mais espírito feelgood, o que significa que é mais apatetado, mas um pateta consciente. Isso significa que se diverte e se deixa distrair pelo rock’n’roll e pela paleta de canções pop irrepreensíveis (You’re The One That I Want e Summer Nights são perfeitas dentro do género), mas que nem por isso se deixa comer por parvo. Existe um subtexto sexual transversal a todo o filme (lembram-se de Esplendor Na Relva?), por exemplo, que envolve matéria sexual para mangas, menções surdas ao aborto e feminismo mascarado.  

No entanto, o que fica para a posterioridade (além das cantigas, claro), é a química especial entre Travolta e Newton-John, um muito novinho Lorenzo Lamas (vénias ao rei da xungaria), uma participação especial de Frankie Avalon e muito rock’n’roll. Brilhantina é um filme que conjuga na perfeição o escapismo da música e das coreografias, frescas e entretidas, com uma história de serviços mínimos garantidos, que merece assim o Royale With Cheese e a memória do cinema. 

Título: Grease
Realizador: Randal Kleiser
Ano: 1978

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