| FESTIVAIS | MotelX – o que ver nesta 16ª edição?

O MotelX, o Festival Internacional de Terror de Lisboa, está quase a começar. É a maior celebração do cinema fantástico no nosso país e vou lá estar, a tentar ver o máximo que conseguir e contar-vos tudo. Este é um daqueles festivais em que praticamente podemos fechar os olhos e escolher um filme do programa ao calhas, que o mais provável é vermos algo do caraças. No entanto, porque há sempre quem prefira recomendações mais específicas e cirúrgicas, penerei o programa para vos dar aquelas que são as 5 sugestões a não perder nesta 16ª edição do MotelX. Sem qualquer ordem em particular.

Bodies, Bodies, Bodies
de Halina Reijn

A sessão de abertura do MotelX deste ano é, precisamente, um dos filmes a destacar da programação. Bodies, Bodies, Bodies é o segundo filme da neerlandesa Halina Reijn e chega com o selo da A24, que já nos habituou a uma espécie de toque de Midas, em que transformam em ouro quase tudo o que tocam. Bodies, Bodies, Bodies vem descrito como um slasher de verão, com um grupo de adolescentes (incluindo Pete Davidson, agora solteiro de Kim Kardashian, ou Maria Bakalova, a revelação de Borat – O Filme Seguinte) numa festa numa casa isolada, que promete muito gore, hormonas aos saltos e scream queens.

Speak No Evil
de Christian Tafdrup

Tenho acompanhado o zunzum que Speak No Evil tem criado na sua Dinamarca natal, país que pode não nos dar filmes de terror convencionais, mas que nos tem oferecido de bandeja algumas das coisas mais fucked up de sempre (e não é só Lars Von Trier). A concorrer pelo prémio de melhor longa, Speak No Evil é a história de um casal de dinamarqueses que vão passar um fim-de-semana com uns amigos neerlandeses que acabaram de conhecer. Mais psicológico do que gráfico, Speak No Evil é a minha grande aposta para o Méliès d’Argent, mesmo sem ter visto nenhum dos filmes em competição.

Coisa Ruim
de Tiago Guedes e Frederico Serra

Se nunca viram Coisa Ruim, então esta é a oportunidade perfeita. Ou então para o ver em ecrã grande. É que Coisa Ruim é o melhor filme de terror português, uma história de folk-horror antes do folk-horror estar na moda. Uma óptima história de superstições, forças malignas e possessões, que capta na perfeição a portugalidade do interior rural. O filme passa na homenagem que o MotelX presta este ano ao produtor Paulo Branco, mas atenção que Frederico Serra, um dos realizadores, tem novo filme e está também na programação. Criança Lobo concorre pelo prémio de melhor longa europeia e, pela descrição, parece ser um sucessor de Coisa Ruim.

Óculos Escuros
de Dario Argento

Se virem outra lista com recomendações para este MotelX e não estiver lá Óculos Escuros, então não vale a pena continuarem a ler. Qualquer lista que não inclua o último filme do mestre Dario Argento (que até vai estar em Portugal) só merece despeito. Óculos Escuros é o giallo que Argento só conseguiu fazer agora, sobre uma prostituta cega perseguida por um assassino durante um eclipse do sol em Roma. É certo que, no Festival de Berlim, não despertou grande entusiasmo, mas quem quer saber desses snobs?

Holy Spider
de Ali Abbasi

O iraniano radicado na Escandinávia Ali Abbasi já nos deu dois excelentes filmes ambientados nas margens do fantástico – Na Fronteira e Shelley -, que são o suficiente para nos deixar com água na boca para este Holy Spider. Baseado na história verídica de um serial killer que aterrorizou as ruas de Mashhad no início deste século, matando prostituas com o intuito de purificar a cidade, Abbasi regressa ao Irão para aquilo que alguém já descreveu como um noir persa. Para nos chega essa descrição para o querermos ver muito.

Menção especial: O Homem Duplicado
de Denis Villeneuve

Esta é mais uma daquelas oportunidades ideais para ver um óptimo filme, que merece mais atenção do que aquela que costuma receber. O Homem Duplicado, que vai passar no MotelX inserido no centenário de José Saramago, uma vez que é baseado no seu livro homónimo, é uma história de doppelgangers que Denis Villeneuve mistura com aranhas gigantes e surtos psicóticos, numa espécie de thriller psicológico que podia ter sido um filme perdido de Roman Polanski pós-trilogia dos apartamentos.

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