| CRÍTICAS | Gone in the Night

Se há coisa que Gone in the Night gosta (e se esforça por) é de gorar as expectativas do espectador. Por isso, quando tudo parece indicar um filme sobre jovens (jovens adultos pelo menos, no caso de Winona Ryder e John Gallagher Jr.) sozinhos numa cabana no meio do mato, o realizador Eli Horowitz troca-nos as voltas e recomeça tudo de novo. Gone in the Night está cheio de falsas partidas como esta, como se isso fosse um sinal de originalidade ou de criação de suspense.

Winona Ryder e Eli Horowotiz são então um casal que, para apimentar um pouco a sua relação (que apesar de ser recente, já está a claudicar), decidem ir passar uns dias a uma cabana perdida na floresta. Ao lá chegarem, já tarde, depararam-se com outro casal: os jovens Owen Teague e Brianne Tju. Depois de alguma tensão inicial, os quatro chegam a acordo. Os segundos passam lá a noite e no dia seguinte logo resolvem aquele problema de overbooking. Nós pomo-nos mais confortáveis no sofá, à espera que chegue um qualquer serial killer ou uma ameaça de outro mundo a qualquer momento, mas rapidamente Gone in the Night desarmadilha a bomba. É que, na manhã seguinte, John Gallagher Jr. e Brianne Tju já nem estão na cabana. Enrolaram-se e abandonaram os seus respectivos parceiros.

Gone in the Night recomeça então novamente, agora com Winona Ryder a criar uma nova relação com o dono da cabana, que entretanto vem a conhecer. Este é Dermot Mulroney, uma espécie de ricaço empreendedor, que actualmente é uma espécie de sábio mais interessado em viver a vida a sério do que no dinheiro. À medida que os dois procuram descobrir o que aconteceu aos dois recém-pombinhos foragidos, já que Winona Ryder parece não conseguir esquecer a figura misteriosa de Brianne Tju (e quem a consegue censurar, não é? *wink link*), começa a tornar-se cada vez mais claro que, se calhar, as coisas não são bem o que parecem.

É então que Gone in the Night começa a tornar-se num thriller, se bem que nunca há verdadeiramente uma história para mergulharmos. Eli Horowitz tem a sorte de ter dois actores a sério e são eles que levam o filme às costas, com o pouco que têm para afincar o dente. Ainda vão surgindo os flashbacks para irem explicando os buracos que o argumento vai deixando, mas Gone in the Night nunca abandona a ideia de que é apenas um rascunho de uma ideia (idea com potencial, reconheça-se) e não um filme inteiro. Por isso, quando chegamos ao grande culminar e ao clímax do filme, o que temos não é um twists glorioso, mas apenas uma pequena revelação de que ninguém quer realmente saber. O Cheeseburger que recebe no final é, portanto, claramente sobrevalorizado, graças a Winona Ryder e Dermot Mulroney, que são os únicos que parecem saber o que estão a fazer neste filme.

Título: Gone in the Night
Realizador: Eli Horowitz
Ano: 2022

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