| CRÍTICAS | Tarzan

Depois de ter ficado imortalizado no cinema pelo campeão olímpico de natação, Johnny Weissmuller, Tarzan chegou aos desenhos-animados pela mão da Disney, em 1999, que viu no herói criado por Edgar Rice Burroughs a história ideal para a sua trigésima sétima produção animada. Apesar de ter sido um sucesso de bilheteira e de até ter ganho um Oscar (para a canção de Phil Collins, meu deus, esse apocalipse da música popular anglo-saxónica), Tarzan foi o último de uma linhagem de filmes antes da Disney dar uma reforma na sua fórmula mágica.

Tarzan conta toda a origem do homem-macaco, desde o seu naufrágico, ainda bebé, numa ilha deserta, até à sua adopção por uma família de gorilas depois dos seus pais terem sido mortos por um leopardo, culminando em como ascendeu ao topo da cadeia alimentar, tornando-se no reio da selva. Pelo meio conhece a sua amada, Jane, luta com um perigoso caçador e, sobretudo, tem que ganhar a aprovação definitiva entre os seus.

O problema de Tarzan é que dá mais de meia-hora de avanço, em que não interessa nem espevita por aí além. Basta ver o início,uma sequência musical que mostra, em paralelo, o Tarzan bebé e os seus pais a chegarem à ilha, a estabelecerem-se e a serem atacados pelo leopardo, e a tal família adoptiva de gorilas também a perder o seu filho às garras do mesmo felino. A Disney sempre fez isto com uma perna às costas (é a tal fórmula mágica, que apaixona gerações e gerações), mas aqui perde-se em lamechiche melodramática desnecessária. Anos mas tarde, a Pixar mostrou como isso se faz, na abertura de Up – Altamente – uns dos melhores 5 minutos de sempre da história do cinema.

Quando finalmente se encontra consigo, Tarzan é um dos melhores filmes da Disney desde O Rei Leão, ganhando emoção, humor, suspense e acção. Jane é uma excelente conquista da história, com uma química que realmente funciona com o herói, contribuindo decisivamente para o sucesso do filme, que não tem medo de agarrar o boi pelos cornos sempre que necessário. É provavelmente a animação da Disney com o maior bodycount, termina com um enforcamento magistral (uma sombra na parede à luz de um relâmpago) e ata todas as pontas soltas em menos de hora e meia. Só é mesmo pena que a primeira metade pareça pertencer a outro filme, porque a segunda merece claramente mais que o McChicken final. 

Título: Tarzan
Realizador: Chris Buck & Kevin Lima
Ano: 1999

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