| CRÍTICAS | Hypnotic – Arma Invisível

Robert Rodriguez chegou ao streaming, com uma ideia que tinha na gaveta desde o início do século. E Hypnotic – Arma Invisível é um filme intrigante, já que é um super-hero movie cruzado de sci-fi, mas em formato série b manhoso, que nos deixa a pensar se Rodriguez foi repescar essa ideia porque gostava mesmo muito dela ou se porque não tinha mais nada.

Em Hypnotic – Arma Invisível existem umas pessoas com aptidões especiais, chamados de hipnóticos, capazes de tanto colocar qualquer pessoa a fazerem o que querem apenas por sugestão, como a criarem ilusões elaboradíssimas. No entanto, para o fazeres, esses hipnóticos não necessitam de muito, apenas de dirigir a palavra ao alvo. O que é sempre um poder demasiado poderosos (o problema eterno dos filmes do Super-Homem, sempre incapaz de encontrar um desafio à altura) e, pior ainda, muito pouco visual e cinematográfico. Estão a ver O Acontecimento, em que a natureza se revoltava e, por ser “invisível”, ficávamos só a ver planos pseudo-ameaçadores do vento a soprar na vegetação? Hypnotic – Arma Invisível é equivalente.

Ben Affleck é então o polícia que vai cair no mundo dos hipnóticos e das conspirações governamentais e que vai ter que derrotar o super-hipnótico William Fichtner, fazer equipa com Alice Braga e perceber o que é real ou apenas simulação. E também procurar entender como é que isso está relacionado com o rapto da sua filha, desaparecida há uns anos atrás, e cujo trauma vai ser transversal a todo o filme.

Hypnotic – Arma Invisível é um filme de twists e contra-twists, que quer sempre ser mais esperto do que realmente é, mas cujo principal problema é ser sempre demasiado trapalhão. A premissa até podia ser interessante (não é propriamente), mas o argumento necessitava de ser (muito) mais limado. Basta logo ver o assalto inicial, em que Fichtner hipnotiza uma série de gente para criar uma mão cheia de diversões enquanto assalta um banco, para depois terminar tudo com ele a fugir pelo meio da multidão com uma caixa debaixo do braço. Eu sei que isso tinha um objectivo, mas subtileza não é algo de que Hypnotic – Arma Invisível se possa gabar.

Robert Rodriguez está há 30 anos a fazer filmes de super-heróis e não há forma da Marvel o convocar para o seu universo cinematográfico. E nem sequer é por não terem o seu contacto, porque ele há fez episódios de O Livro de Boba Fett. O seu Mariachi não é mais do que um super-herói (ou um action hero construído com os códigos desse género) e o que são os Spy Kids do que filmes de heróis para os mais novos? A Disney deveria ter pedido conselhos para a sua Ms. Marvel. No entanto, é em Hypnotic – Arma Invisível que Rodriguez se aproxima do género e os seus hipnóticos podiam muito bem ser um inimigo do Homem-Aranha.

Hypnotic – Arma Invisível é uma trapalhada de baixo orçamento, com actores que parecem estar em modo de frete e que falha totalmente o alvo. Se este Happy Meal fosse a porta de entrada para o trabalho de Robert Rodriguez nunca iríamos gostar tanto dele como gostamos.

Título: Hypnotic
Realizador: Robert Rodriguez
Ano: 2023

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