| CRÍTICAS | Godzilla Minus One

38 filmes depois e 70 anos após o primeiro, Godzilla Minas One venceu finalmente o seu primeiro Óscar. Um verdadeiro exemplo de perseverança, que deve ser visto por todos os actores. Afinal de contas, Godzilla nunca destituiu de perseguir o seu sonho, de arrasar cidades e de continuar a alertar-nos para a ameaça do nuclear (mesmo que a ameaça do nuclear seja sobretudo um enorme mal-entendido).

Godzilla dispensa apresentações, mas caso tenha passado as últimas sete décadas a viver num buraco, este parágrafo é para si. Godzilla – ou Gojira, no original japonês – é um réptil gigante pré-histórico que foi desperto por uma explosão atómica, funcionando como uma metáfora inevitável para a ameaça nuclear, num país ainda traumatizado por Hiroxima e Nagasaqui e com a Guerra Fria no horizonte. Os 38 filmes de Godzilla ao longo dos anos demostram bem a popularidade e impacto da criatura, o mais importante (e fundador) kaiju movie – filmes de monstros gigantes, destrutivos e metafóricos, típicos do cinema nipónico.

Godzilla Minus One é o regresso do estúdio Soho ao seu monstro favorito, 8 anos depois de Godzilla e, além do Oscar para melhores efeitos-especiais que arrecadou, o filme arruma para canto todo o universo cinematográfico de criaturas que Hollywood tem vindo a desenvolver nos últimos anos. E fa-lo de forma humilde, confiando sobretudo na história e nas suas personagens em detrimento da destruição, do espectáculo oco e do fogo-de-artíficio digital.

Apesar de ser um filme sobre um lagarto gigante que ameaça arruinar o Japão, Godzilla Minus One é um filme sobre a honra, um tema caro aos nipónicos. Ainda por cima porque o protagonista, Ryunosuke Kamiki, é um kamikaze que se acobarda e nunca leva até ao fim o seu desígnio suicida. Logo a seguir, a guerra termina e Kamiki vai ter de viver para sempre com essa sombra na consciência. Kamiki vai juntar-se a Minami Hamabe e à órfã bebé que esta cuida para, juntos, ultrapassarem a destruição da guerra e recomeçar de novo, tanto física como psicologicamente. É um núcleo familiar pouco convencional num filme em que a família tem um peso fundamental e que, por isso mesmo, revela as suas duas influências principais: Hayao Miyazaki e Steven Spielberg.

Mas como é um blockbuster, Godzilla Minus One não dispensa a componente espectáculo. Esta apenas não é a sua prioridade. Mas é digno de nota, não sendo por acaso que sacou o Oscar de melhores efeitos-especiais. Apesar de ser CGI, Godzilla Minus One não tem aquele aspecto sintético fajuto do digital, recuperando uma certa organicidade, com textura e rugosidades. É uma óptima criatura, que não deixa os seus crédito por mãos alheias e respeita os pergaminhos da série. Com o seu McBacon, Godzilla Minus One é um dos melhores filmes de kaiju desde…. sempre?

Título: Gojira -1.0
Realizador: Takashi Yamazaki
Ano: 2024

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