Às vezes com mais pompa e circunstância, outras vezes de forma mais discreta, a série Alien continua a lançar sequelas de forma regular e a verdade é que, se tivermos em conta apenas os filmes do cânone (ou seja, se exceptuarmos os desastres dos Alien vs. Predador), é um dos mais franchises mais sólidos que temos. Dos sete filmes lançados, já contando com este Alien – Romulus, não existe propriamente nenhum título mau. Há uns bons, outros menos bons e uns médios.
Alien – Romulus é uma espécie de regresso às raízes da série, depois dos títulos mais metafísicos e filosóficos de Ridley Scott nos últimos anos. Por outras palavras, é um regresso aos episódios mais musculares do início: o original Alien – O Oitavo Passageiro, Aliens – O Reencontro Final e Alien 3 – A Desforra. Aliás, não é por acaso que, cronologicamente falando, este novo título de Fede Alvarez se situa precisamente entre o primeiro e o segundo filme.
Começamos então Alien – Romulus em terra firme, num planeta colonizado onde não há luz do sol e onde a maioria das pessoas são carne para canhão, explorados até ao tutano nas minas locais. Rain (Cailee Spaeny) e os amigos (onde se inclui um novo sintético, Andy (David Jonsson), programado para a tratar como irmão) sonham em fugir dali para fora. A oportunidade parece surgir quando identificam em órbita uma nave abandonada. O plano é simples: subirem a bordo, roubarem umas câmaras criogénicas e zarparem para o planeta mas próximo.
Claro que estamos mesmo a ver onde é que a coisa vai parar. A nave está abandonada porque a bordo vai um xenomorfo (que é precisamente aquele que Sigourney Weaver atirou borda fora em Alien – O Oitavo Passageiro), que matou toda a tripulação, deixando apenas como testemunha os restos de Ian Holm, o andróide original da série (e aqui trazido de novo à vida através dos efeitos digitais). Alien – Romulus vai voltar à fórmula original: um survivor movie no espaço sideral, onde ninguém os consegue ouvir gritar.
O argumento é básico, mas permite a Fede Alvarez ter tempo (e espaço) para jogar com os códigos de género do suspense e do thriller, criando ambiente e atmosfera. Tem ainda o bom gosto de apostar especialmente em efeitos práticos e animatronics, o que dá um ar orgânico ao filme que lhe fica particularmente bem, especialmente ao evocar o efeito nostalgia. E depois diverte-se em brincar com várias referências aos filmes anteriores e, claro, com as marcas fundamentais da série, incluindo, claro, facehuggers e um novo chestburster.
O grande contributo de Alvarez para o cânone Alien é um… novo(?) e… alternativo(!) chestburster, que vai revelar um xenomorfo… diferente. Esta é uma criatura que, visualmente, falha o alvo, mas que, ao menos, procura acrescentar algo novo ao filme. Infelizmente, isso surge já numa altura em que Alien – Romulus já se está a esticar para lá do desejável. Era preferível ter-se ficado por uma duração mais curta, mantendo a sua panela de pressão prestes a explodir em vez de esvaziar lentamente até ao McChicken final.
Título: Alien – Romulus
Realizador: Fede Alvarez
Ano: 2024