| CRÍTICAS | Os Melhores Filmes de 2024

2024 foi um ano de expectativas defraudadas: os grandes blockbusters saíram ao lado (Joker – Loucura a Dois não é um mau filme, mas foi vítima de má imprensa, enquanto que Duna Parte 2 não impressiona), os filmes de super-heróis ainda não morreram (se bem que a Sony deu uma forcinha nisso) e… Borderlands. No entanto, 2024 foi bem melhor do que pensávamos: houve filme novo de David Cronenberg e de Aki Kaurismäki, Yorgos Lanthimos redimiu-se da chachada Pobres Criaturas e houve o threesome da Zendaya, Mike Faist e Josh O’Connor. E houve estes 10 filmes.

10º Lugar
Robô Selvagem, de Chris Sanders

Confesso que não vi as animações todas deste ano, mas tendo em conta os principais títulos da Pixar, da Disney e da Dreamworks, é esta última que sai a ganhar. Robô Selvagem é um coming of age sobre a maternidade e sobre a família, com algumas falhas (incluindo um acto final a mais), mas que se terminasse ali a meia hora do fim teria sido perfeito perfeito. Mesmo assim, merece todo o nosso carinho pela animação sem falhas e por não ter medo de ser um desenho-animado a falar da morte sem tabus.
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9º Lugar
Amarrados, de Alexandre Aja

Alexandre Aja, espécie de membro honorário do splat pack (esse grupo de jovens realizadores que, no início do século, trouxe uma nova vitalidade ao cinema de terror), tanto faz um filme bom como logo a seguir faz dois maus. Amarrados é capaz de ser o seu melhor trabalho até há data. É um survivor movie, mas é também um coming of age tipo o Canino; é um filme sobre a saúde mental, mas é também sobre o fanatismo religioso; e tanto é uma espécie de filme de zumbis como é uma metáfora à pandemia da covid-19.
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8º Lugar
Natureza Violenta, de Chris Nash

De quando em vez surge um filme assim, que vem revolucionar o slasher. Não é que seja expectável que Natureza Violenta deixe descendência, mas é um slasher como não há outro e é uma espécie de ensaio sobre o género. É que Chris Nash monta todo o filme a partir da perspectiva do… assassino. Só é pena que se atraiçoe a si próprio no final. Mesmo assim, tem a melhor morte do cinema de todo o ano cinematográfico da graça do Senhor de 2024.
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7º Lugar
O Crepúsculo do Pé Grande, de David & Nathan Zellner

O Crepúsculo do Pé Grande é uma espécie de documentário da natureza sobre os Pés-Grandes, caso estes existissem (como assim?). Uma espécie de Robert Attenborough meets Jean Rouch, que segue uma família destas criaturas no seu dia-a-dia. Eles buscam abrigo, comida e outras satisfações primárias, if you know what i mean. E há toda uma colecção de fluídos para as quais não estávamos preparados e que, por vezes, nos fazem questionar no que estamos realmente a ver. Num ano em que tivemos Natureza Violenta, O Crepúsculo do Pé Grande foi o mais inusitado filme de 2024.
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6º Lugar
Conversas com o Diabo, de Cameron & Colin Cairnes

Conversas com o Diabo é uma fusão de mockumentário com found footage, que recria um talk show dos anos 70 que, fatídica noite, dedicou o tema ao fantástico e deu-se mal. Há mediums, possessões e muito satanic panic, mas o melhor é mesmo a recriação de época. 2024 teve três filmes sobre programas de televisão nos anos 70 (olá Woman of the Hour e Saturday Night), todos eles recomendáveis, mas este ganha a contenda.
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5º Lugar
Contra Todos, de Moritz Mohr

Fico espantado que Contra Todos não tenha tido mais amor do público. É um filme de acção altamente estilizado, que limita o espectador ao mais puro e primário sentimento de ver e ouvir ossos a quebrar, sangue a espirrar e corpos a tomarem. Contra Todos é um arraial de porrada, em que cada cena se prolonga para lá do expectável e fazendo com que a cena de porrada do Eles Vivem pareça razoável. E é uma dose de adrenalina injectada directamente no coração, como se naquela cena do Pulp Fiction alguém injectasse o The Raid directamente na Uma Thurman.
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4º Lugar
Longlegs – O Coleccionador de Almas, de Osgood Perkins

2024 foi um bom ano para o cinema de terror e fantástico. Longlegs – O Coleccionador de Almas pode vir a correr o risco de passar despercebido a muito boa gente por ser mais um filme com o Nicolas Cage, se bem que ele está irreconhecível no seu retrato alternativo do Tiny Tim. E está verdadeiramente assustador. Longlegs – O Coleccionador de Almas teve demasiado comparações com O Silêncio dos Inocentes e muito poucas com o Mandy.
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3º Lugar
Folhas Caídas, de Aki Kaurismäki

Qualquer ano que tenha um filme novo de Aki Kaurismäki é inevitavelmente um bom ano cinematográfico. O realizador finlandês mais português de sempre continua a contrariar as notícias manifestamente exageradas de que se ia reformar e lá vai fazendo os seus filmes, com um realismo social muito seco, meio burlesco (Jacques Tati meets Ken Loach) e um universo próprio, que abre pela primeira vez as portas à tecnologia. É que em Folhas Caídas vê-se pela primeira vez… um telemóvel(!). É certo que é um Nokia dos velhinhos e não um smartphone, mas não importa.
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2º Lugar
Histórias de Bondade, de Yorgos Lanthimos

Menos de um ano depois, Yorgos Lanthimos redimiu-se da chachada de Pobres Criaturas, mostrando-nos que aquilo foi só um percalço. Em Histórias de Bondade, o grego regressa ao seu absurdo mais tétrico, com três histórias interligadas que não têm nada a ver entre si, mas que não interessa nada. E a segunda história, aquela que tem a Emma Stone a dançar, é puro Lanthimos, tão desconfortável quanto perturbadora.
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1º Lugar
Sorri 2, de Parker Finn

Se me tivessem dito no início do ano que Sorri 2 ia estar no meu top 10 dos favoritos de 2024 eu teria… sorrido. Quanto mais acreditar que ia estar no topo da lista. Depois de um filme inicial mais ou menos esquecível, Sorri 2 é tudo aquilo que A Substância queria ser e não conseguiu: um filme sobre a pressão fama, as expectativas sociais e o poder da imagem. E ainda continua a sua metáfora para a saúde mental através de um vírus que leva o pessoal a ver malta com sorrisos sinistros e a querer fazer mal a si próprios.
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