
Habituamo-nos a ver Nick Frost com Edgar Wright e Simon Pegg (entra, por exemplo, na trilogia do corneto) e, por isso, associamo-lo a uma certa filmografia pela qual temos um carinho especial: um novo cinema de terror e fantástico inglês, com aquele espírito (como em wit) muito britânico, que é uma espécie de humor meio auto-depreciativo, meio desprezível. Agora começamos a ver Nick Frost a desenvolver uma nova parceria cinematográfica, desta vez com o neerlandês Steffen Haars. Get Away é o segundo filme que fazem junto, se bem que neste Frost assina também o argumento.
Nick Frost é então o pai de uma família britânica (mãe + filho e filha adolescentes) que vão de férias para uma pitoresca ilha sueca, chamada Svalta. Consta que, há muitos anos atrás, o povo da ilha foi atingido por uma séria vaga de gripe e manteve-se em quarentena por 2 anos, período em que teve que recorrer inclusive ao canibalismo. Actualmente, o povo celebra essa efeméride com uma peça de teatro anual, de mais 7 horas, se bem que ao chegarem no único ferry que conecta a ilha ao continente nos próximos 3 dias, os turistas são tudo menos bem-vindos.
Imaginem A Pequena Grã-Bretanha: em Svalta tudo é uma local shop for local people. E nem sequer é por aqueles ingleses serem bem irritantes, emulando aquele estereótipo do turista norte-americano, que o recente remake Não Fales do Mal tenta explorar (sem sucesso, acrescento). Mergulhamos então de cabeça no folk horror e o Midsommar – O Ritual e O Sacrifício vêm inevitavelmente à lembrança.

Só que Get Away é uma comédia de terror, com o foco na primeira parte da equação. Não se percebe muito bem se é Steffen Haars que fica lost in translation perante o argumento de Nick Frost, mas a verdade é que o filme nunca consegue acertar no tom certo entre o humor e a esquisitice. Eero Milonoff, que conhecemos do bem recomendável romance de trolls Na Fronteira e que aqui é o dono do airbnb onde os visitantes vão ficar (e um creep que espreita por trás dos espelhos a filha a despir-se)), é o melhor de Get Away, mas também não lhe dão muito por onde se agarrar.
Depois há ainda um twist final, absolutamente inconsequente, que tenta dar alguma genica a Get Away, mas que o leva para o único caminho que ninguém queria ver. Por isso, Get Away é um filme de uma ideia só, mas sem punchline. Tem uma ideia com potencial, alguns momentos interessantes, mas nunca vai além do Cheeseburger.

Título: Get Away
Realizador: Steffen Haars
Ano: 2024