| CRÍTICAS | Night Call

Jonathan Feltre é um serralheiro a fazer o turno da noite numa empresa que trabalha 24 horas. Uma jovem que se fechou fora do apartamento liga-lhe, para que ele vá lá abrir a porta e, durante uma grande parte do primeiro acto, tudo parece normal. O realizador Michiel Blanchart até filma toda aquela acção rotineira como os rituais de um problem fixer saído de um qualquer film noir (até porque é de noite, sempre de noite).

Mas já sabemos que, de noite, todos os gatos são pardos. Depois de abrir a porta e de entrar no apartamento, a jovem desaparece com um saco de lixo e, em poucos minutos, Feltre está a lutar com o dono da casa, um neo-nazi que o acusa de roubo. A partir daí, Night Call entra numa roda viva que não vai parar, um dispositivo que, quanto mais procura simplificar as coisas, mais as complica.

Vai haver dinheiro roubado a um Romain Duris altamente cruel, uma morte por explicar e mais intrigas que têm tudo para termina mal, todas elas com Jonathan Feltre no centro da acção. Feltre é o tradicional anti-herói do cinema de acção pós-moderno – o tipo ordinário que tem apenas o azar de estar no local errado, à hora errada. Mas nem por isso deixa de se superar.

Night Call é então um thriller estilizado, quase em tempo real, como se o 24 fosse o seu ídolo a seguir. Por vezes, exagera um pouco e, noutras, o realizador parece não saber propriamente o que fazer com a informação que nos dá (como o facto do dono do apartamento inicial ser neo-nazi os as manifestações do movimento Black Lives matter com que o filme se cruza constantemente nas ruas de Bruxelas, por exemplo). No final, Blanchard também tenta espremer tudo para dentro de uma história de amor demasiado forçada, mas não é aí que estão os trunfos deste Cheeseburger.

Título: La Nuit Se Traîne
Realizador: Michiel Blanchart
Ano: 2024

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