| CRÍTICAS | In Order of Disappearance

Kraftidioten

A primeira vez que lemos o título de In Order of Disappearance não percebemos imediatamente o jogo de palavras. Só quando o prólogo é interrompido e entra o genérico, é que percebemos o que o filme tem para oferecer: uma lista de gente morta, que irá desaparecer aos poucos e poucos, ao longo das quase duas horas. E sempre que alguém morre, um intratítulo a negro e encimado por uma cruz dá-nos o seu nome, fazendo no final a lista do bodycount de In Order of Disappearance.

Não é difícil de perceber que In Order of Disappearance é um filme de vingança, a de um homem sobre os homens que assassinaram o seu filho. Nils (Stellan Skarsgård) é um tipo ordinário, reconhecido pela sua comunidade como cidadão do ano pelo seu trabalho a limpar a neve das estradas do lugarejo onde vive no meio da Suécia, com o seu ar de avôzinho adorável. E quando o seu filho é morto num esquema de drogas, controlado pelo cartel do Conde (um vilão com tanto de metrossexual como de cartoonesco), Nils vai tornar-se badass.

In Order of Disappearance lembra aquele outro belo filme de vingança chamado Busca Implacável, onde um muito respeitável Liam Neeson perde as estribeiras e desata a matar gente. A diferença é que, enquanto nesse, Neeson tinha um passado nas forças especiais, aqui Nils é apenas um tipo comum. Está por isso mais perto de Walter White, se bem que mais frio e cruél, sem problemas em sujar as mãos de sangue, em enrolar os corpos em rede de galinheiro e em joga-los de uma cascata gigante – o seu modus operandi durante todo o filme.

O que é, contudo, mais inesperado que esta personagem que passa para o outro lado é o tom que o filme adquire. Com uma violência estilizada muito à Tarantino, o filme tem um lado humorístico, mais burlesco do que cool, que começa a aproxima-lo dos terrenos de Guy Ritchie. A meio entra em cena a máfia sérvia e, de repente, In Order of Disappearance é o Snatch – Porcos E Diamantes sueco, com lutas de gangsters ainda mais absurdas que os seus nomes de código. E até há um chamado Ronaldo…

Stellan-Skarsgård-in-In-Order-of-Disappearance-slice

Além disso, In Order of Disappearance ainda tem outro trunfo na manga que lhe fica bem. É certo que Insónia (incluíndo o seu remake americano) é o que melhor tira partido do ambiente claustrofóbico dos países nórdicos, mas In Order of Disappearance também sabe utilizar a seu proveito o silêncio, o isolamento e a vastidão a perder de vista da paisagem branca sueca. E, nem a propósito, Nils é responsável por limpar as estradas, passando grandes pedaços a conduzir sozinho, completamente rodeado de branco.

In Order of Disappearance é o mais cool e personalizado filme de acção europeu que vão ver nos próximos tempos. Luc Besson já não é o único a fazer blockbusters na Europa. Apanhem este McRoyal Deluxe e arrumem na gaveta, de vez, o preconceito do eurotrash.mcroyal-deluxeTítulo: Kraftidioten
Realizador: Hans Petter Moland
Ano: 2014

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