Por trás de um grande escritor está sempre uma grande mulher, já diz a sabedoria popular. Ou um grande editor. Max Perkins foi um desses homens que, normalmente, ficam na sombra da história, contribuindo para a edição dos grandes clássicos da literatura na forma final como nos chega às mãos. Se eles contribuem para melhorar os livros ou apenas para os modificar é outra história e uma discussão que fica para outras núpcias.
Max Perkins (aqui interpretado Colin Firth, com uma estranha obsessão em nunca tirar o chapéu, mesmo quando está de pijama) foi então o editor responsável por três dos maiores nomes da literatura norte-americana, a saber: F. Scott Fitzgerald, Ernest Hemingway e Thomas Wolfe. É sobre a relação entre ele e este último (incarnado por Jude Law) que se centra precisamente Um Editor de Génios.
Biopic baseado em factos verídicos, Um Editor de Génios é, mais do que a biografia artística, um bromance sobre a amizade e a cumplicidade entre aqueles dois homens, que os influenciou decisivamente para a vida. Essa influência foi tanta que acabou por afectar a relação de Wolfe com a sua namorada (uma Nicole Kidman mais envelhecida que o habitual) e de Perkins com a sua família cheia de mulheres, numa espiral de ciúmes, dependência e traição. Enquanto que Wolfe era um génio descompensado, que necessitava da companhia de terceiros para vampirizar as suas dependências, Perkins vivia através da genialidade do amigo algumas coisas que a vida familiar não lhe proporcionava em casa, assumindo uma estranha imagem de figura paternal.
Havia aqui pano para mangas, mas Um Editor de Génios limita-se a acreditar que a sua história é suficiente para resultar num filme que parece gritar Oscar por todo o lado. Produção de prestígio, mas de realização igualmente anónima, Um Editor de Génios é obra de boas intenções, mas claramente esquecível. Felizmente continuaremos com os livros de Thomas Wolfe por muito tempo depois de feita a digestão deste envergonhado Cheeseburger.
Título: Genius
Realizador: Michal Grandage
Ano: 2016