Jean-Claude Van Damme já não vai para novo e já não o vemos a fazer a espargata ou aqueles rotativos no ar que eram a sua imagem de marca. Jean-Claude Van Damme já não vai para novo e agora os seus filmes são mais tiros do que porrada. Gostamos disso? Não, preferíamos o Van Damme-ninja-bailarino. Mas o tempo não espera por ninguém e temos que o aceitar.
Até à Morte é um dos filmes que o belga tem andado a filmar no leste europeu (Moldávia, Roménia, Bulgária…) e que, apesar de serem todos straight-to-video-, têm levado muita gente a considerar que é o renascimento de Van Damme. E Até à Morte é, normalmente, um dos mais citados, uma vez que traz um Van Damme num registo fora do habitual.
Aqui, Van Damme é o verdadeiro estereótipo do anti-herói: um polícia agarrado à heroína, que chiba os próprios colegas, é uma sacana para a mulher e um cretino para os amigos. Lembramo-nos logo de Polícia Sem Lei, até porque também se passa em Nova Orleães. É, portanto, um filme mais negro e mais sujo do que estamos habituados a ver com Van Damme.
Até que o seu nemesis (Stephen Rea), o tipo que ele persegue com todas as forças do seu ser – até porque ele pôs-lhe um par de cornos -, lhe dá um balázio e o manda para coma. E pronto, voltamos à normalidade. Van Damme volta a vida miraculosamente e, voilá, vai em busca de vingança. A única novidade é que, ao acordar, o belga está um homem diferente, que deixou de ser um palerma, pede desculpa a toda a gente e é amiguinho.
Tudo o resto é o habitual filme de acção xunga, mas inesperadamente violento e gráfico, com Van Damme a despachar bandidos a sangue frio como se não houvesse amanhã, incluindo verdadeiras execuções e tiros pelas costas, o que lhe dá um elan especial. Não tem nada a ver com uma representação acima da média ou um argumento incrível, é só um filme que acaba por ser bem melhor do que o esperado. Só por causa disso leva um Double Cheeseburger.Título: Until Death
Realizador: Simon Fellows
Ano: 2007