| CRÍTICAS | Good Time

Depois de ter aparecido em várias listas dos melhores filme de 2017 (incluindo a do Tio Xunga, publicada aqui mesmo nesta estaminé insuspeito), tive que ir espreitar este Good Time e ver do que se tratava afinal. E tendo em conta que nunca tinha visto nenhum filme dos irmãos Safdie antes (incluindo o bem falado Vão-me Buscar Alecrim), não sabia muito bem o que esperar.

Good Time abre com Benny Safdie (que além de co-autor, também é um dos protagonistas) a ser entrevistado por um psicólogo. Percebemos numa sequência ao ralenti (e algo desconfortável, sempre em grande plano na cara do actor) que Safdie tem algo atraso cognitivo que não o deixa avaliar bem a sua situação e um histórico recente de violência doméstica. Esta cena serve para tomar fôlego porque, de repente, o seu irmão,(um irreconhecível) Robert Pattinson, irrompe pela sala, leva o mano ali para fora e a viagem arranca.

Os dois vão assaltar um banco, a coisa corre mal e as próximas horas vão ser uma montanha-russa, em que nós seguimos coladinhos, no banco de trás. Por mais que Robert Pattinson tente resolver as situações, mais se enterram, arrastando consigo outro criminoso (Necro), a namorada (Jennifer Jason Leigh e uma menor (Taliah Webster). Good Time não é vertiginoso como Crank – Veneno no Sangue, mas tem uma espécie de energia contagiante, potenciada pelo digital, pela cores explodidas e pelos ruídos. É um filme extremamente urbano, como se Michael Mann ou o Tom Tykwer, de Corre, Lola, Corre, filmasse o Rain Man – Encontro de Irmãos. E Good Time pode não ter música tecno com no filme do alemão, mas tem a banda-sonora de Oneohtrix Point Never, o norte-americano da música exploratória que já teve passagens bem bonitas por Portugal.

Good Time não tem nenhuma mensagem moral ou metáfora existencialista que queira transmitir. É antes uma fuga escapista que tomamos ao lado de alguém que tomou uma má decisão na vida, tal como tantas outras que tomamos diariamente no nosso próprio dia-a-dia. E de todas elas, a melhor decisão foi a tomada por Robert Pattinson, que fez questão de trabalhar com os manos Safdie. Depois do êxito de Crepúsculo, o actor tem tentado descolar ao máximo da imagem de teen star e procurar uma carreira bem personalizada, feita ao lado de autores e filmes mais ou menos independentes. No fundo, a sua antiga parceira dessa vampiragem para jovens de hormonas aos pulos, Kristen Stewart, tem feito o mesmo. Por isso, McRoyal Deluxes destes são de louvar. Título: Good Time
Realizador: Benny & Josh Safdie
Ano: 2017

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