Em Corpo de Combate, Jean-Claude Van Damme lutara no Afeganistão, apesar das paredes de Cabul estarem cheias de pinturas do Ayatollah Khomeini (sic). E em Fronteira Explosiva, chegou a vez de Jean-Claude Van Damme enfrentar esses mesmos veteranos, mas cujo síndrome pós-traumático deu-lhes para se dedicarem ao banditismo.
Stephen Lord, auxiliado por Scott Adkins, é um veterano da Guerra no Afeganistão que agora gere um negócio de tráfico de droga na fronteira entre os Estados Unidos e o México. Lord utiliza como mula os emigrantes ilegais que tentam dar o salto, armadilhando-os para não revelarem o disfarce caso sejam apanhados. Por sua vez, Van Damme é o polícia novo na cidade, acabado de chegar de Nova Orleães com um coelho(!) debaixo do braço, para integrar a guarda fronteiriça. Mas o belga traz outros intuitos na manga, até porque há um sub-enredo qualquer, que envolve a mulher falecida (clássico Van Damme) e uns flash backs gratuitos (e tão inconvenientes quanto desnecessários) do qual já não me lembra nada.
Há então a habitual cena de pancada no bar lá do sítio, entre o forasteiro acabado de chegar (novamente clássico Van Damme) e os locais, que serve apenas para mostrar que o belga, afinal, ainda está aí para as curvas, depois de tantos filmes em que nem sequer dá um pontapé. A partir daí, podemos pôr em fast forward até ao encontro final entre Van Damme e Scott Adkins, porque a) é isso que realmente interessa em Fronteira Explosiva e b) conseguimos adivinhar à distância tudo o que se vai passar nos entretantos. Ora vejamos: o belga vai-se infiltrar no cartel inimigo, vai obter a inesperada (not) ajuda da até então hostil chefe da polícia e vai dar cabo de todos.
Scott Adkins, se tivesse nascido 10 ou 15 anos antes, teria sido uma das grandes estrelas do cinema de acção dos eighties. Adkins tem intensidade, dá uns rotativos cheios de estilo e sabe lutar. Por isso, não é de admirar que dê uma coça a Van Damme, que se sairá bem melhor em Assassinos e Rivais, quando se voltarem a defrontar 3 anos depois. Aliás, é precisamente essa a grande diferença entre esta fase actual da carreira recente de Van Damme e a anterior. Agora, ele sofre, leva pancada a sério e sofre, já não sendo o action hero imbatível que era nos anos 80 ou o action hero que queria ser, mas que já ninguém ligava, nos anos 90.
Mas apesar da boa vontade, Van Damme não é milagreiro e Fronteira Explosiva não é mais do que um escorreito straight-to-video de segunda categoria. E mesmo Scott Adkins ou Isaac Florentine (realizador que este ano até chegou às nossas salas de cinema, com Actos de Vingança) não contribuem mais do que com um Hamburga de Choco.
Título: The Shepherd
Realizador: Isaac Florentine
Ano: 2008