Jean-Claude Van Damme parece que tem passado toda a sua carreira a fazer o mesmo filme. Máximo Risco é apenas mais uma das milhentas variações desse exemplo, ao reciclar a premissa de um dos seus melhores filmes: Duplo Impacto. Ou seja, Máximo Risco é mais um filme em que o Van Damme descobre que tem um irmão gémeo, o que faz dele a Sofia Alves dos filmes xunga de acção.
No entanto, o início de Máximo Risco até é promissor, ao arrancar logo com a morte de um dos gémeos. O outro irmão, que não sabe da existência do mano, vê-se cara a cara com um doppelganger. Lembramo-nos logo de Homem Duplicado, quando Jake Gyllenhaal se encontra a si próprio num filme mau na televisão. Mas isto é um filme do Van Damme e, por isso, sofisticação não é coisa que possamos aguardar. Portanto, o belga arruma os trapinhos e decide tomar o lugar do irmão, para descobrir não só quem o matou, mas também para reconstruir qualquer laço emocional. Porque seria isso que qualquer polícia faria…
Viajamos então de França, onde o filme começa – e onde todos falam inglês(!) -, para os Estados Unidos, onde Van Damme vai ser obviamente confundido com o irmão pelos russos e pelo FBI, envolvidos num esquema demasiado parvo para sequer me recordar dele. No entanto, o mais perturbador é que, assim que conhece a namorada do mano (Natasha Henstridge, essa mesmo, a de Espécie Mortal), salta-lhe logo para a espinha, na habitual cena de sexo gratuito de que qualquer filme xunga que se preze não deixa escapar. Porque era isso que qualquer irmão faria…
E depois há aquilo que, no fundo, é a razão pela qual vemos um filme de Van Damme: as cenas de porrada. E Máximo Risco tem uma excelente cena de pancadaria num elevador (com o habitué Stefanos Miltsakakis), uma outra numa sauna (que mais não é do que uma sala de hotel cheia de homens nus(!)) que fica no último lugar do pódio das cenas de porrada em saunas (em primeiro lugar está Promessas Perigosas e em segundo Outubro Vermelho) e um momento final num talho, em que o mau farta-se de cortar vacas com uma serra eléctrica de forma gratuita. Em Perseguição sem Tréguas, Van Dammes apadrinhou a estreia de John Woo em Hollywood e quase lhe deu cabo da carreira internacional à nascença. Já Ringo Lam não teve tanta sorte. O realizador de Hong Kong ainda faria outro filme com o belga, mas nunca conseguiu passar da cepa torta em Hollywood. Este Cheeseburger foi o melhor que conseguiu.
Título: Maximum Risk
Realizador: Ringo Lam
Ano: 1996
ah, e ele também tem aquele do clone bom e clone mau, que no final o clone bom virou telepata.