Já não deve faltar muito até alguém se lembrar a comprar François Ozon a Steven Soderbergh. É que o realizador francês, além de uma saudável hiperactividade, continua a disparar para todos os lados. A última vez que o vimos antes deste Jovem e Bela, com Dentro de Casa, Ozon era quase chabroliano. Mas antes já o vimos a ser barroco, cheio de gestos da nouvelle vague, em 8 Mulheres, ou a ser onírico e surreal em Ricky, por exemplo.
Com este Jovem e Bela, Ozon volta a debruçar-se sobre a juventude, em mais um filme de passagem. Aliás, Jovem e Bela e Swimming Pool rimam muito bem, com as imagens de Ludivine Sagnier a apanhar sol à beira da piscina a colarem muito bem com as imagens iniciais de Marine Vacth, fresquinha e em topless, na praia. No entanto, as semelhanças quedam-se por aí, já que, a partir daqui, é de Buñuel que Jovem e Bela se aproxima, mais em particular, de A Bela de Dia.
Um pouco como o recente A Vida de Adèle, Jovem e Bela é a história da entrada na sexualidade de uma jovem de 17 anos. Depois de uma primeira experência sexual insatisfatória, Marine Vacth entra numa vida dupla de prostituição, onde procura encontrar algo. O problema é que ela também não sabe muito bem o que está à procura. É por isso uma meditação sobre o desejo, outro tema muito querido a Ozon.
O problema de Jovem e Bela não é o facto de comunicar mais com silêncios e meias-ideias, mas pelo facto de também não saber muito bem o que querer dizer. Fica sempre a ideia de que também François Ozon anda à procura de algo, que não sabe muito bem o que é. Basta ver como a personagem do irmão mais novo, que inicialmente tem uma conotação sexual de incesto bastante forte (e perturbadora), se vai desvanecendo sem saber muito bem para onde se virar. É essa a ideia geral do filme, que deixa sempre o Double Cheeseburger nas mãos de Marine Vacth, como que a dizer, agora desenrasca-te!
Título: Jeune & Jolie
Realizador: François Ozon
Ano: 2013