| CRÍTICAS | Soldado Universal: O Regresso

No final dos anos 90, à medida que via a sua carreira a entrar num ocaso, Jean-Claude Van Damme agarrou-se desesperado ao último trunfo que lhe faltava jogar: Máquinas de Guerra. Apesar de já ter tido duas sequelas staright-to-video, de que ninguém quer falar, o clássico dos homens-máquina com Dolph Lundgren era o último grande filme do belga que podia relança-lo.

Curiosamente, Soldado Universal: O Regresso teve precisamente o efeito inverso. Depois do fiasco de bilheteira, Jean-Claude Van Damme dedicaria-se em exclusivo ao straight-to-video, pelo menos até ao JCVD, em 2008. O filme é tão mau que nem sequer é considerado uma sequela oficial do franchise. Ao contrário das tais duas sequelas que mencionei no parágrafo acima, as quais não quero tocar nem com um pau de 10 metros. Agora pensem!

Soldado Universal: O Regresso é daqueles filmes que começa a meio de algo e nós temos que saltar a bordo, antes que percamos o comboio. Neste caso é uma perseguição de jet-skis e lanchas pelo bayou, com Jean-Claude Van Damme acompanhado por Kiana Tom a saltarem de barco para barco, a esquivarem-se a saraivadas de metralhadora e a arrumarem com uns quantos maus.

É a melhor parte do filme e só depois é que tudo é contextualizado, com uma economia de argumento de fazer corar um série b. Van Damme agora está vivo, depois do processo de ter morrido e sido transformado num super-soldado no filme anterior. E como? Fácil, um médico reverteu o processo. Mas se ele estava morto antes de ser um super-soldado e agora isso foi revertido, ele deveria estar… morto. Ugh, dói-me o cérebro.

O que interessa é que o programa Soldado Universal foi retomado, mesmo depois de terem morrido dezenas de pessoas graças a isso no filme anterior. E desta vez não há Dolph Lundgren, mas há, primeiro, o wrestler Goldberg (no seu primeiro trabalho em Hollywood), e a seguir Michael Jai White. Este último não só é um super-soldado, como é o melhor exemplar de todos eles, com a mente do super-computador que os controla a todos.

Este elenco é a única coisa que permite aguentar Soldado Universal: O Regresso até ao fim. E se a luta com Michael Jai White é bem murcha (em que Van Damme atravessa, à vontade, umas 15 portas de vidro), com Goldberg a coisa tem mais piada, incluindo um spear que era a sua assinatura na WCW. Pelo meio, o filme coloca ainda de lado Kiana Tom, inexplicavelmente, e enfia a martelo a jornalista Heidi Schanz. Mesmo assim, Van Damme consegue ter cenas a olhar para as mamas das duas como um pervertido, sabe-se lá porquê.

É fácil perceber o que correu mal na carreira de Van Damme: más decisões, más escolhas e, provavelmente, droga a mais. Ou então, resumindo tudo isso a um filme, Soldado Universal: O Regresso. Um dos seus Happy Meals mais desoladores.

Título: Universal Soldier: The Return
Realizador: Mic Rodgers
Ano: 1999

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