| CRÍTICA | Soldado Universal: Regeneração

Naquela que é provavelmente a melhor cena de JCVD, o filme meta-referencial de Jean-Claude Van Damme, o belga tem um monólogo para a câmara onde faz um mea culpa pelo trajecto recente da sua carreira, condenada ao straight-to-video por uma série de más decisões de vida. Lembro-me de ter pensado que Van Damme estava ali prestes a recomeçar de novo e, quando fui ver ao imdb quais eram os seus planos para o futuro, mandei-o logo à fava. Então quer dizer, depois daquele desabafo, a desculpar-se com os empresários que só lhe davam maus argumentos para ler, o seu próximo filme era… Soldado Universal: Regeneração?

Depois do desastre que foi Soldado Universal: O Regresso (curiosamente, o filme que enterrou a carreira de Van Damme no straight-to-video), Soldado Universal: Regeneração faz a única coisa que lhe era possível fazer. Ignora esse título, como se ele não tivesse existido, e tenta não lhe tocar nem com um pau de 10 metros. Soldado Universal: Regeneração tenta assim reviver um franchise que teve o seu ponto alto no longínquo ano de 1992, com o original Máquinas de Guerra, e, para isso, promove o reencontro entre o belga e Dolph Lundgren.

Mas até isso acontecer, longos minutos tem o filme. Antes somos introduzidos a uma nova geração de soldados universais, esses super-soldados super-obedientes e super-poderosos desenvolvidos secretamente pelo Governo norte-americano e que, tal como os primeiros, também foram descontinuados. Mas há um (Andrei Arlovski) que é roubado por uns terroristas separatistas, que tomam conta de Chernobyl e ameaçam rebentar com o reactor se não libertarem uma série de presos políticos.

Existem ainda soldados universais de primeira geração, entre eles o melhor de todos – Jean-Claude Van Damme, quem mais? -, mas este está a ser reabilitado e a ser reintroduzido na sociedade por uma psicóloga suíça (Emily Joyce). Por isso, depois de todas as outras opções falharem, lá vão buscar o pobre do rapaz, cheio de drogas, e mandam-no sozinho e a pé(!) para Chernobyl para fazer o que sabe fazer melhor.

Ao contrário de Soldado Universal: O Regresso, Soldado Universal: Regeneração tem ar de filme a sério, esforçando-se minimamente no argumento, nas representações e até na realização. O realizador John Hayms não é um simples tarefeiro e saca um par de perseguições automóvel (logo a cena de abertura, nas ruas de Sofia, vale logo a pena o tempo gasto com o filme) e umas sequências de acção dignas de nota. É que, inesperadamente, Soldado Universal: Regeneração é um filme inesperadamente bastante violento e nem sequer falo do elevado bodycount. Falo da forma como Andrei Arlovski e Dolph Lundgren esmurram e desfazem inimigos com as mãos até ficarem em papinha.

Pois é, então e Dolphie? Infelizmente, Dolph Lundgren só está lá para o efeito nostalgia. Surge no último terço do filme, um bocado enfiado à força no argumento, para sacar apenas o reencontro inevitável com Van Damme. E nós gostamos disso, há que confessar. Por isso é que Soldado Universal: Regeneração é, muito provavelmente, o melhor filme da fase straight-to-video do belga. Desde que ele deixou de estrear no cinema, que outro título levou para a casa o McChicken (JCVD não conta)?

Título: Universal Soldier: Regeneration
Realizador: John Hyams
Ano: 2009

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