| CRÍTICAS | Árctico

É fácil colocar Árctico na mesma esteira de survivor movies a solo, de homens vs natureza, como Tom Hanks em O Náufrago ou Robert Redford em Quando Tudo Está Perdido. Aqui, é Mads Mikkelsen totalmente sozinho no ambiente inóspito do anel árctico. E, apesar de vir a ter companhia mais tarde, esta será tão útil quando era Wilson a Tom Hanks.

Com o seu passo lento e silencioso, Árctico acabaria por mostrar-nos que Mikkelsen caiu de avião algures no meio do nada e que sobrevive graças ao pouco que tem e a um dia-a-dia feito das mesmas acções rotineiras: experimentar o telefone satélite num local diferente, pescar um peixinho, escavar um SOS gigante na neve just in case… São essas rotinas que o mantém vivo e afastado da insanidade, lhe conferem um pouco de humanidade e nos dão o contexto de toda aquela situação.

Depois surgirá em cena a tal companhia extra, que vai obrigar Mikkelsen a embarcar numa demanda suicida: uma caminhada até à estação mais próxima. Vai se ruma batalha do norueguês contra a rigidez e a autoridade da natureza – e, ocasionalmente, um urso polar -, num filme tão físico e exigente que nos deixará, literalmente, cansados.

Na sua estreia no grande ecrã, o youtuber brasileiro Joe Penna (se bem que Árctico é uma produção islandesa) tira todo o proveito da paisagem devastadora glacial, mas também fica a pergunta no ar: quão difícil é mesmo filmar aquela paisagem alva quase infinita? Pelo menos, Penna tem o bom senso de não sucumbir a poli twists rocambolescos desnecessários, nem tão-pouco a flashbacks sentimentais para dizer algo sobre a personagem. Árctico mantém-se o mais básico possível e isso é o que de melhor se pode dizer deste McRoyal Deluxe.

Título: Arctic
Realizador: Joe Penna
Ano: 2018

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