| CRÍTICAS | Capitão Marvel

Vingadores: Guerra do Infinito terminava não com um, mas com dois cliffhangers. Por um lado, ficávamos com o coração nas mãos depois de Thanos estalar os dedos e dizimar metade da população mundial. E, por outro, ficámos todos entusiasmados para saber a quem é que Nick Fury (Samuel L. Jackson) mandava uma mensagem nos últimos instantes antes de perecer. Aparentemente, o destinatário daquela chamada seria um game changer.

No fundo, todos nós já sabíamos quem era antes mesmo de ir ver o filme. Capitão Marvel (Brie Larson) era a heroína em causa e este filme homónimo vinha, não só, introduzi-la no universo cinematográfico Marvel, como também fazer a ponte para Vingadores: Endgame. Além disso, Capitão Marvel é simultaneamente a resposta da Marvel à DC e à sua Mulher-Maravilha, com o primeiro filme a solo de uma super-heroína, com uma co-realizadora e, pela primeira vez, uma mulher a fazer a banda-sonora. Girl power, bitches!

A Capitã Marvel (Brie Larson não parece particularmente ter nascido para filmes de heróis) é então uma misteriosa e poderosa heroína, que sofre de amnésia, não se recorda donde vem e tem problemas em controlar os seus poderes por causa da sua tendência para ceder às emoções (algo que, iremos mais tarde compreender, é uma característica única dos humanos). Quando a conhecemos, está ela ao serviço dos Kree, uma raça alienígena que são tipos os Estados Unidos do Universo – uma espécie de polícias do mundo, que querem derrotar os terroristas Skrulls, a quem só falta um turbante na cabeça. E, como os Estados Unidos, vai haver um plot twist nas motivações dos Kree. Afinal, estes podem não ser movidos apenas por motivos altruístas…

Pelo meio, Brie Larson vai lembrar-se de quem é, retomar as suas raízes, montar uma sequela não oficial de Top Gun – Ases Indomáveis (até o gato se chama aqui Goose, em vez de Chewie, como nos livros) e, claro, salvar o dia. Capitão Marvel é uma prequela de todo o universo cinematográfico Marvel, que aproveita ainda para contar como Samuel L. Jackson montou os Vingadores (e como perdeu o olho, numa cena completamente esvaziada de clímax, quando deveria ser um dos pontos altos do filme), ambientada nos anos 90, com toda a nostalgia de um Ready Player One – Jogador 1: clubes de vídeo, internet arcaica por telefone, pagers, websites em html, o grunge e as TLC, os Nirvana, os No Doubt e os Garbage na banda-sonora.

Mas Capitão Marvel não cumpre as expectativas criadas. Falta-lhe um vilão com carisma (Jude Law é apenas um tipo mau), falta-lhe cenas de acção como deve ser (Brie Larson não nasceu para isto, parece, e fica um pouco a ideia de sofrer do mesmo mal do Super-Homem, ou seja, de ser demasiado super para as ameaças que enfrenta) e, em geral, falta-lhe mais molho onde molhar o pão. Fica-se pela mensagem de emancipação feminina, pelo breve input que faz a Vingadores: Endgame e pelo Double Cheeseburger que saca no fim.

Título: Captain Marvel
Realizador: Anna Boden & Ryan Fleck
Ano: 2019

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