| CRÍTICAS | O Lobo de Wall Street

Vemos O Lobo de Wall Street e percebemos que continua quase tudo na mesma no corpo de obra de Martin Scorsese, a saber: Leonardo DiCaprio continua a ser o seu novo actor fetiche, continua a filmar histórias de mafiosos (mafioso como em bandido vigarista e não como membro da Máfia) e mantém os temas do costume – violência, drogas… O que mudou então? Em O Lobo de Wall Street, Scorsese trocou os Rolling Stones do costume pelos bluesmen de Chicago. 

O estilo continua igual – o ritmo mantém-se a cem à hora, se bem que aqui há mas drogas do que em qualquer filme anterior de Scorsese (incluindo o Scarface – A Força do Poder), os diálogos atropelam-se e a violência e os excessos fazem parte do pão nosso de cada dia -, mas a banda-sonora tem, pela primeira vez, algumas falhas. Uns Greenday ou uns Foo Fighters lá pelo meio soam demasido aleatórios, mesmo que haja a contrabalançar alguns momentos à Casino, em que há tanta música que é quase um teledisco (e isto é um elogio). E isso deixa-nos tristes.

Mas deixem-nos de música, mesmo que ela seja sempre um elemento importante nos filmes de Scorsese, e foquemo-nos na história: o relato verídico de Jordan Belfort (encarnado por Leonardo DiCaprio), o corrector da bolsa que dominou Wall Street no final dos anos 90, numa vida de esquemas e excessos. Devido à crise financeira, é impossível não fazermos uma comparação entre o ontem do filme e o hoje, mas há pouco de sátira em O Lobo de Wall Street.

O Lobo de Wall Street lembra Tudo Bons Rapazes, não tanto pela glorificação dos bandidos, mas pela estrutura e pelo ritmo infernal do filme. E, claro, com menos violência, mas com mais drogas. Como se Scorsese tivesse andado a ver Delírio em Las Vegas. Há trips fodidas, orgias, lançamento de anões, coca snifada do cu de prostitutas e muitas mais maluquices, provando pela milésima vez que a realidade é sempre mais estranha que a ficção.

No entanto, se tirarmos todo esse deboche, chegamos à conclusão que o que fica é um biopic pálido, à sombra do que Scorsese já fez de melhor. E isso é mau? Não, obviamente que não. Até porque tem 10 minutos geniais de Matthew McConaughey, um Jonah Hill transformado em actor sério(!), ele mesmo, que ainda há pouco tempo andava obcecado em desenhar pilas e uma tal de Margot *suspiro* Robbie. Ai, a Margot Robbie… Não faz esquecer Casino ou Tudo Bons Rapazes, mas O Lobo de Wall Street entretem igualmente ao nível de um McChicken.

Título: The Wolf of Wall Street
Realizador: Martin Scorsese
Ano: 2013

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