Creio que ninguém terá problemas em admitir que A Babysitter até acabou por ser (inesperadamente, diga-se) mais divertido do que esperávamos. No entanto, nada, mas mesmo nada no mundo inteiro, justificava uma sequela. Só mesmo o a tentativa desesperada de McG (a sério, que raio de nome é este?) salvar a aquilo a que chama de carreira e tentar capitalizar a única coisa que fez que não fede.
A Babysitter era uma espécie de coming of age que utilizava de forma brega e desavergonhada os códigos do cinema de terror. Um adolescente que ainda tinha uma babysitter sempre que os pais saiam, tinha que ultrapassa os seus medos e traumas sob a forma de uma seita satânica que precisavam do seu sangue virgem. Agora, dois anos depois, Cole (Judah Lewis) já é um adolescente de liceu, onde vai lidar com outras pressões: a da integração, o bullying ou a pressão social.
O problema de The Babysitter – Rainha da Morte começa logo pelo facto de forçar ainda mais os arquétipos das suas personagens, ultrapassando o cartunesco do filme anterior. Além disso, pinta Cole como um super-inadaptado, que todos consideram ter perdido um parafuso, porque ele continua a teimar ter lutado contra uma seita satânica. Toda esta premissa desaba como um castelo de cartas quando a sua amiga Melanie (Emily Alyn Lind) também foi testemunha do primeiro filme. Mas hei, se ignorarmos isso é que como se não tivesse acontecido e assim o filme funciona muito melhor.
Cole, Melanie e os amigos desta vão então passar um fim-de-semana a um lago, abraçando por completo o slasher movie. McG tenta manter o tom irreverente, com muito humor, meta-referências, piscadelas de olho a filmes de culto e algum niilismo looney tunes. O problema é que nenhuma piada tem graça, as meta-referências são tão óbvias que são apenas chover no molhado, nenhum millennial identifica os filmes homenageados (por exemplo, o Fim-de-Semana Alucinante) e o niilismo…, bem, o niilismo é sempre uma coisa fixe.
The Babysitter – Rainha da Morte não tem ponta por onde se pegue, especialmente porque entram em cena os mesmos inimigos do primeiro filme, que… tinham todos morrido. Esta reciclagem, com muitas referências ao primeiro filme, não vá a gente ter-se esquecido daquela história mega-complexa, faz com que este sequela pareça antes um aglomerado das cenas que ficaram no chão da sala de montagem de A Babysitter. Por isso, isto só não é um insulto maior, porque aparecem os Cramps na banda-sonora. Só tenho medo é que a Hamburga de Choco ainda dê coragem a McG para fazer uma terceira sequela.
Título: The Babysitter: Killer Queen
Realizador: McG
Ano: 2020