O advento do cinema digital e, depois, com as câmaras compactas de alta resolução, vieram dar o passo que faltava na democratização do cinema. Agora, com pouco dinheiro, qualquer pessoa pode fazer um filme e, melhor ainda, um filme com bom aspecto. Por isso, a proliferação do found footage como género só surpreende por tardia, até tendo em conta que O Project Blair Witch data de 1999.
Obviamente que, por cada bom filme de found footage, agora existem uns cinco maus e mais dez que são completamente descartáveis. Eu não quero ser essa pessoa hater, mas Creep pertence claramente a esta última categoria. E diz a internet – e a Netflix – que há uma sequela disponível e tudo. O que significa que este primeiro tomo deve ter rendido o suficiente para justificar uma aposta numa continuação. A sério, pessoal? O que se passa convosco?
Creep é então um pequeno filme com recurso a found footage, com apenas dois actores. O primeiro é operador de câmara/cineasta (Patrick Brice, que é também o realizador do próprio filme) e decide responder ao anúncio de Mark Duplass, para o ir filmar durante 8 horas. Este tem um cancro terminal e quer deixar um diário visual ao filho por nascer, mais ou menos como faz Michael Keaton no Uma Vida, mas sem nada a ver (é só uma referência vaga que Duplass atira).
Os dois homens estão numa casa de férias no meio da floresta e o isolamento, aliado ao comportamento bizarro de Mark Duplass, começa a criar um ambiente algo sinistro. No entanto, este nunca chega a ser assustador, é mais… estranho e esquisito. Inclui filmar Duplass a tomar banho enquanto afaga um bebé imaginário(!), cantar uma música inventada com uma máscara de lobo(!!) ou fazer estranhas propostas a Patrick Brice. A coisa vai neste rame-rame até que… termina. Patrick Brice vai para casa e, afinal, há mais.
Há então twist e contra-twist, que procura criar um ambiente de inquietação, mas é tudo demasiado aleatório para sequer fazer sentido. Lemos na internet, após o filme, que o argumento foi todo improvisado no momento pelos dois. No shit, Sherlock, quem diria? O que eu gostava mesmo de perceber é como é que esta Hamburga de Choco teve mesmo uma sequela?
Título: Creep
Realizador: Patrick Brice
Ano: 2014