Com Sozinho em Casa, Macaulay Culkin tornou-se num fenómeno de popularidade sem igual. De repente, era o actor mais procurado de Hollywood, tornando em ouro tudo aquilo que tocava. Provavelmente tentando gerir a carreira do filho para que esta não se esgotasse enquanto child actor, rapidamente os pais procuraram encontrar um filme em que este pudesse provar os seus atributos dramáticos. Três anos após Sozinho em Casa chegava então O Bom Filho, o primeiro filme em que Macaulay Culkin fazia de… vilão.
É difícil imaginar Macaulay Culkin, com aquela cara de anjo – e que foi, precisamente, uma das razões do seu sucesso – a fazer de criança malvada. E, no entanto, os produtores de O Bom Filho nem pestanejaram duas vezes. Afinal de contas, quem é que não queria ter o menino de ouro no seu filme, mesmo que o miscast fosse gritante? Claro que Macaulay Culkin não era um Damien (o de O Génio do Mal), mas é impossível engolir a ideia de que aquele miúdo é malvado. Principalmente porque os seus atributos dramáticos também são/eram… quase inexistentes. Mas não é só isso que falha em O Bom Filho. O outro problema é que o filme parece ter sido escrito para crianças mais velhas. Tanto Macaulay Culkin quanto Elijah Wood falam como adultos, com diálogos que nenhuma criança tem.
Não se sabe ao certo a quem se refere o título do filme. O Bom Filho tanto pode ser Elijah Wood – então ainda um desconhecido e, por isso, apesar de ser o protagonista, acabou por ser ofuscado por Culkin, que recebi os créditos principais -, o jovem cuja mãe morre precedentemente e, como o pai tem que ir ao Japão em trabalho, vai passar duas semanas à casa dos tios, como pode ser Macaulay Culkin, o primo que não conhecia e que rapidamente se torna bff. Só que Culkin não é o anjo que aparenta e as coisas vão escalar rapidamente: começa por matar um cão e termina a tentar assassinar a irmã. De tal forma, que a mãe vai ter um daqueles momentos de escolha de Sofia.
Por entre o drama familiar e o filme de adolescentes – com Wood e Culkin a deambularem por um ilha que parece ser apenas um amontoado de armadilhas para miúdos: poços abertos, penhascos gigantes, cães raivosos… -, O Bom Filho podia muito bem ser uma história de Stephen King, ali entre o Conta Comigo e Os Filhos da Terra. Apesar do potencial da premissa – que é muito mais bem conseguida no antigo The Bad Seed, explorando a ideia de que o Mal é hereditário ou não -, acaba por ser traído por uma série de más decisões, a maioria ainda tomada durante a pré-produção. Este Double Cheeseburger foi último filme de Macaulay Culkin a não ser um flop de bilheteira. Agora pensem.
Título: The Good Son
Realizador: Joseph Ruben
Ano: 1993