A Netflix está a tornar-se no straight-to-video dos serviços de streaming. Longe vão os tempos que ser uma produção Netflix garantia uma espécie de selo de qualidade. Hoje em dia, é inversamente o oposto. A Netflix estreia regularmente um sem número de produções completamente anónimas, feitas a metro, como se tivessem sido geradas pelo chatgpt, que depois são despejadas na plataforma e vendidas pelo algoritmo, que nos enfiam-nas pela garganta abaixo sem quase nos questionarmos.
Não Te Mexas é o último desses “conteúdos” Netflix a estrear e que é tão anónimo que ficamos na dúvida se já não o vimos antes. A sinopse diz-nos que Não Te Mexas é a história de uma mulher (Kelsey Asbille), a quem um serial killer (Finn Wittrock) injecta um soro paralisante. Apesar de fisicamente incapacitada, Kelsey Asbille vai ter que encontrar forma de fugir, de se esconder e de se proteger.
A premissa é curta e, por isso, ao fim de algum tempo de fuga, o efeito do relaxante muscular começa a passar. Afinal, Não Te Mexas termina muito mais cedo que nos promete. Caso contrário, os realizadores Adam Netto e Adam Schindler teriam que continuar a criar uma série de coincidência irrealistas, para que os actores continuassem a reagir ao (pseudo)argumento de forma prescritiva do que o oposto.
Há ainda um sub-enredo com o trauma e o luto de Kelsey Asbille pela morte recente do seu filho, que a levam a impulsos suicidas numa espécie de prólogo, mas que é tão oca e desprovida de sentido que faz com que Não Te Mexas nunca tenha nada de significativo para dizer. É apenas calculista o suficiente para conseguir ilustrar a ideia da premissa, limitando-se depois a encher o resto da hora e meia de filme para ocupar a sua posição na grelha da Netflix. Há muito pouco para recomendar neste Happy Meal.
Título: Don’t Move
Realizador: Adam Netto & Adam Schindler
Ano: 2024