| LISTAS | Os 10 melhores filmes de 2020 do tio Xunga

10º Lugar
Freaky – Este Corpo Fica-me a Matar, de Cristopher Landon

Seria de esperar que o remake de Um Dia de Doidos fosse igualmente merdoso e cheio de requeijão teenager, mas de facto somos premiados com 10 minutos iniciais que revelam ao que vamos: sangue, tripas, refinado requeijão pós-moderno e Vince Vaughn ofensivamente transexual. Portanto, coisas maravilhosas! Num epílogo ao estilo do saudoso Santa’s Slay, que tem o título em português Matança de Natal. Acabei de salvar uma pesquisa ao meu anfitrião neste blog e à sua irritante mania de meter os títulos em portugês. A chamada “Escola de Títulos Miguel Ferreira das Nalgas”. Uma nova aproximação ao clássico troca corpos que, não sendo muito diferente dos outros em estrutura e narrativa, é bem mais divertido e sangrento. 

9º Lugar
O Rei de Staten Island, de Judd Apatow

Lembram-se de Judd Apatow? Aquele realizador de pastelões cómicos semi-fermentados com sabor a tofu tirado diretamente do frigorífico depois de ter sido requentado, cuja esposa aparece em todos os seus filmes, quase sempre com mamas em CGI? Cuja temática são as dores musculares e os bicos de papagaio emocionais das crises de meia idade de malta que não tem que se preocupar com as finanças? Apatow está de volta! Este Apatow não é completamente Apatow, uma vez que é baseado num guião do puto Pete Davidson, que por sua vez é baseado na sua vida. Este miúdo tem imensa piada, abordando temas desconfortáveis com um refinado humor cruel auto-consciente que poucos conseguem fazer funcionar sem parecer condescendente ou vergonha alheia. Um bom filme, cheio de coração e emoção. Bill Burr revela-se como ator. Vejam também o especial de Pete Davidson no FILMESDEDOMINGOÀTARDEFLIX. 

8º Lugar
Borat, o Filme Seguinte, de Jason Woliner

Ora aqui está algo imprevisto. Um Borat que apareceu como um cogumelo selvagem numa manhã de orvalho. Destinado a tentar nivelar os resultados eleitorais um pouco para mais longe de Trump, acabou por não ter efeito político, mas nasceu-lhe um coração. Longe vão os tempos de “todos os americanos são estúpidos sem mais nenhuma outra dimensão que os redima”. Cohen consegue mostrar os dois lados da moeda: pessoas boas com o coração no sítio e, mesmo as vítimas de chacota, têm também um lado quente que os iliba de muitos pecados. Borat disse fim aos cartonados e brindou-nos com uma bela prenda de outono. Pontos extra para a sua filha, tanto para a construção da personagem como para a atriz que consegue ombrear com este gigante. Melhor “dança menstrual com os pentelhos de fora” do ano.

7º Lugar
Palm Springs, de Max Barbakow

Uma comédia romântica no top? É um ano estranho este. Este time loop com forte costela sci-fi, muito iluminado e com a depressão colorizada para a risota, é assim a sétima melhor maneira de perder 2 horas este ano. É quase sempre leve, pesado quando precisa de ser e invoca uma componente sci-fi cujo conhecer do mecanismo é metade do filme. 

6º Lugar
Sputnik, de Egor Abramenko

Apresentado ao mundo como o Alien Russo, Sputnik não é nada disso. É outra coisa. A história de um simbiote e da sua hóspede, numa relação de profunda cumplicidade que nos faz acreditar que somos todos iguais, sejam russos, portugueses, homens, mulheres, cães, gatos ou bolhas disformes com consciência de elevada agressividade da orla da galáxia. Sputnik é um bom thriller, muito psicológico, com fenomenais efeitos especiais orgânicos e uma protagonista a fazer bater a saudade de Olivia Dunham, de Fringe. Talvez tenha meia hora a mais, mas a concentração necessária para seguir um filme falado em russo não ajuda. 

5º Lugar
Monster Problems, de Michael Matthews

De espírito teenager e sentimentos adultos, Monster Problems é uma aventura muito luminosa e inspirada que serve de demanda a um personagem que sai das trevas à procura de algo que o leva a encontrar outra coisa diferente, na luz da carnificina do pós-apocalipse provocado por monstros assassinos que teimam em tornar a vida difícil aos nossos heróis e ao seu cão. Bons efeitos especiais num filme que me parece ser um belo exemplar que poderiamos ter visto em sala no verão. Tivesse havido verão. Ou sala.

4º Lugar
The Wolf of Snow Hollow, de Jim Cummings

Segundo filme de Jim Cummings que nos fala de uma crise de identidade a meio de um sequência de assassinatos provocados, à primeira vista, por um violento lobisomem. Uma cidade de interior num nevoso inverno, olá Fargo, um grupo de polícias com problemas de gestão de recursos, crises familiares complexas e a eterna dificuldade de percebermos se estamos a ser adultos como se espera de nós ou se continuamos crianças mesmo depois de crescer. A noite, sempre a noite. Boas matanças, com efeitos práticos muito interessantes. 

3º Lugar
Bora lá, de Dan Scanlon

Este Pixar ainda deu para apanhar em sala. Foi o último antes do grande apocalipse. Nunca as salas serão iguais. Bora Lá são dois irmãos numa viagem em busca do pai perdido. Emoção e lágrimas para pais e filhos que nos ajudam a compreender que o segredo da felicidade não são as viagens nem os destinos, mas sim a companhia.

2º Lugar
Tudo Acaba Agora, de Charlie Kaufman

Kaufman lançou o seu habitual denso novelo existencialista que enrola realidade, ficção, ego, superego, emoções, memórias, expectativas, vida, morte e tudo pelo meio numa embrulhada sem livro de instruções, para nos mostrar que, mesmo quando as nossas namoradas nos largam, mesmo quando as coisas no emprego estão complicadas ou o dinheiro para o passeio tão aguardado vai para contas ou impostos, há pessoas tão enleadas nos destroços da sua própria desgraça que criam um dimensão paralela com tudo lá metido, que é um permanente estado de lugubridade, ansiedade gritante e melancolia, que se consegue materializar. 

1º Lugar
Possessor, de Brandon Cronenberg

Cronenbergs não falham. Tal como o seu pai, também Brandon Cronenberg decidiu atacar a nova carne na sua carreira de realizador. Já Antiviral, rico em conceito e fervilhante em provocação, o fazia antever. Possessor conta a história de uma assassina contratada. Não no seu sentido normal, que se costuma ver nos filmes de sábado à tarde. Esta senhora enfia-se numa maquineta retro-futurista e projeta-se dentro de alguém perto da vítima, para depois matar toda a gente e a si própria para regressar à máquina. O negócio corre bem até a sua memória começar a falhar, vítima de excesso de trocas, os sentimentos e culpas começam a aparecer e está na altura de acabar com tudo, porque o emprego em primeiro lugar, que isto lá fora no mercado de trabalho não está fácil para ninguém. Violento, cruel, injusto e com o coração no lugar errado – no chão a esvair-se em sangue. Uma frieza e desumanização premeditada que não reserva um único momento redentor, apenas pura violência. Como na vida empresarial, portanto! Eu serei fã deste miúdo para o resto dos meus dias, isso vos garanto. Todos os dias passo na internet para saber quando saem filmes novos dele. Vou dando feedback.

MELHORES SÉRIES DE 2020

LOL séries, tenham juízo miúdos. Não se deixem intrujar e vejam mas é bom cinema.
Beijos do tio e não sejam bardamerdas, é o único conselho que vos dou.

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