| CRÍTICAS | A Origem

Foi com A Origem que tudo mudou na carreira (e na vida) de Christopher Nolan. O realizador já vinha construído uma reputação de cineasta sério, conciliando um cinema de massas com um apelo mais metafísico, convencendo assim a crítica (pelo menos uma parte dela) e público, mas foi com A Origem que tudo se tornou… maior. A Origem, que foi escritor durante 10 anos, é um aparelho de precisão suíça, desenvolvido ao mais ínfimo pormenor, que fez com que um filme como Memento se tornasse de repente num filme muito simples. E, simultaneamente, David Fincher tornou-se obsoleto.

Contudo, alguém descobriu que a ideia do filme havia sido copiada dum livro do Tio Patinhas. E que esta até se contava numa só página de quadradinhos… ihihih.

A premissa de A Origem é a de que, num futuro hipotético, será possível alguém invadir os senhos de outrem e roubar-lhe um pensamento. Leonardo DiCaprio é o melhor nessa tarefa e, por isso, é requisitado pelas elites do mundo para trabalhos não muito éticos e/ou legais. Mas nenhum se compara ao que Ken Watanabe lhe propõe: em vez da extracção de uma lembrança, o objectivo é inserir uma ideia na mente de Cillian Murphy, o herdeiro de uma das maiores fortunas do mundo. DiCaprio vai aceitar a oferta, reúne uma equipa que inclui (a ainda) Ellen Page, Tom Hardy ou Joseph Gordon-Levitt e aí vai ele, numa aventura pelo mundo dos sonhos e, ainda por cima, por diferentes níveis do inconsciente.

A Origem nem sempre é fácil de seguir, já que existem vários níveis de realidades sub-conscientes (e o último nível já parece desnecessário), mas é sempre divertido de ir nessa viagem. Porque, como estamos na terra dos sonhos, tudo pode acontecer (literalmente) a qualquer momento. Por exemplo, estar preso num engarrafamento numa qualquer cidade norte-americana não implica que não surja, subitamente, um comboio de carga a levar tudo à frente. E há ainda um nível de inconsciente que implica um assalto a uma casa na neve, com esquis e muitos capangas de metralhadoras em motos de neve, que é decalcado do 007 – Ao Serviço de Sua Majestade.

Portanto, A Origem é às vezes thriller político cerebral e, nas outras vezes, blockbuster de acção altamente imaginativo. E é aqui que acontece uma das melhores cenas do filme: uma sequência de acção em gravidade zero, por entre elevadores e andares de hotéis E a verdade é que funciona, porque as peças do puzzle, que são muitas, encaixam sempre sem muito esforço. E isso é extremamente satisfatório. Por isso, A Origem é um dos grandes filmes de acção deste século. Pode não fazer de Nolan o visionário que nos querem fazer crer que ele é, mas o McRoyal Deluxe é justo e não tem envelhecido nada mal.

Titulo: Inception
Realizador: Christopher Nolan
Ano: 2010

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