| CRÍTICAS | Festa de Natal da Empresa

As festas de Natal das empresas é um dos grandes flagelos da quadra natalícia e é precisamente a premissa de Festa de Natal da Empresa, ou não fosse o título já suficientemente auto-explicativo. Contudo, a grande questão aqui era: como fazer disso um filme? É que isso é apenas uma ideia, que mal dá para um sketch do Saturday Night Live, quanto mais para uma longa-metragem…

Os realizadores Josh Gordon e Will Speck esforçam-se e, de alguma forma, conseguem-no. Mas sabendo das limitações que a sua ideia tem, apostam tudo nas personagens que criam. Por isso, não admira que o melhor de Festa de Natal da Empresa seja o primeiro acto, onde nos é apresentada a Zenotek, uma empresa de IT. O CEO é T. J. Miller, o grande achado de Festa de Natal da Empresa: um bebé grande, com umas ideias malucas e um coração tão grande quanto a sua patetice; depois há Jason Bateman, o protagonista do filme, que com a sua passividade, dá espaço a todos os outros para as mais estranhas diatribes; Olivia Munn é o seu interesse romântico e o cérebro da firma; e, por fim, há Jennifer Aniston, a irmã do CEO e recém-dona da empresa, que é uma impiedosa e cruel empresária que coloca os números à frente das pessoas.

Distribuídas as peças pelo tabuleiro, é-nos então apresentada a história. A Zenotek não está a crescer economicamente como Jennifer Aniston quer (o capitalismo galopante é o grande vilão do filme) e, se Bateman e os colegas não conseguirem fechar um negócio de milhões, os lugares de trabalho de toda a gente estão em perigo. O truque passa então por convidar Courtney B. Vance para a festa de Natal da empresa, convence-lo a assinar contrato depois de ver como eles fomentam uma cultura de trabalho familiar irrepreensível e salvarem a vida a toda a gente.

Escusado será dizer que, chegados à festa, é aí que começa a loucura. Há álcool à descrição, coca disparada num canhão de neve, uma prostituta contratada que quer é fazer dinheiro, um jogador dos Chicago Bulls em cameo especial (estamos sempre à espera que venha a ser o Mike Tyson de A Ressaca, mas a sua participação é sempre muito respeitável e anónima) e muitas hormonas aos saltos. Não é por não haver anões que o modelo e Festa de Natal da Empresa não é O Lobo de Wall Street, mas antes Projecto X – Fora de Controlo.

Os realizadores Josh Gordon e Will Speck estão sempre demasiado preocupados em que Festa de Natal da Empresa não seja apenas comédia desmiolada e tenha uma mensagem no fim e, por isso, nunca conseguem deixar-se levar pela festa. Isso faz com que, no final, o filme não seja nem uma coisa nem outra. E as potencialidades que nos são apresentadas no início nunca se confirmam. Para uma comédia em que aposta tudo numa festa sem limites, as gargalhadas que nos oferece são sempre muito menos do que estaríamos à espera. É pena que Festa de Natal da Empresa esgote rapidamente o crédito acumulado, porque há muitas personagens ali que prometiam mais do que o simples Happy Meal. Mesmo assim, tendo em conta as comédias de Natal que têm surgido para aí, é capaz de ser a melhor da última meia dúzia de anos.

Título: Office Christmas Party
Realizador: Josh Gordon & Will Speck
Ano: 2016

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