300 podia não ser um grande filme, mas tinha o factor uau. Se raspássemos a superfície percebíamos que havia muito pouco conteúdo lá dentro, mas não era isso que importava. A violência hiper-estilizada, o aspecto comic book ou as câmaras-lentas à barda eram tudo truques que criavam uma sensação de vertigem, que era o que interessava naquela história de guerra simples, em que trezentos dos mais valentes guerreiros do mundo enfrentavam até à morte do gigantesco (e exagerado) exército de Xerxes.
300: O Início de um Império passa-se antes, durante e depois de 300, sendo assim uma sequela e uma prequela ao mesmo tempo. Enquanto que 300 contava apenas a história de uma batalha de Xerxes (Rodrigo Santoro) contra Sparta, 300: O Início de um Império narra a história de toda a guerra entre o império persa e a Grécia antiga. Portanto, tirando a dimensão do conflito, não há muita distinção entre um e outro filme. A diferença é que este envolve mais gente, mais armas, mais máquinas de guerra e, inevitavelmente, mais matança do porco e mais destruição.´\
A outra grande diferença era que 300 era um filme exclusivamente masculino, cheio de testosterona e tipos com abdominais bem definidos, e este já tem uma protagonista feminina. Artemísia (Eva Green) é uma grega do outro lado da barricada, que manipula Xerxes e que vai liderar a frente de batalha contra Sullivan Stapleton. Pelo meio, uma cena de sexo brutal, mascarada de pancadaria, que deixa marcas na história do cinema (e que por qualquer razão nos faz lembras de Johnny Depp e Helena Bonham Carter, em As Sombras Da Escuridão).
Depois, tudo o resto em 300: O Início de um Império é mocada da grossa. As explosões de sangue são ainda maiores (reminiscentes da tradição asiática, mas com o exagero do CGI) e o bodycount é quase incalculável. Desta vez não há mutantes e bestas mitológicas, mas há sobretudo batalhas marítimas, que a manipulação digital tornam grandiosas. 300: O Início de um Império pode já não surpreender como fazia o seu antecessor, mas vê-se sem enfado e sem fastio, mesmo que seja entretenimento cem por cento descartável. Já comi McChickens bem piores e a pagar.Título: 300: Rise of an Empire
Realizador: Noam Murro
Ano: 2014