| CRÍTICAS | A Desaparecida

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O western para acabar com todos os westerns. É assim que é A Desaparecida, mesmo que não seja o melhor. É a quintessência do western clássico, aquele que, juntamente com o jazz, é a única expressão cultural exclusivamente norte-americana. E, mesmo sem ser o último (esse será O Homem Que Matou Liberty Valence, sendo filmes como Imperdoável apenas excepções que só confirmam a regra), é o princípio do fim do western.

Como todas cauboiadas, A Desaparecida aborda várias temáticas comuns ao género. O índio como vilão (se bem que aqui ele tem uma face, o chefe Cicatriz (Henry Brandon), em vez de ser uma simples massa colectiva de carne para canhão) e como entrave ao progresso, a conquista do Oeste selvagem e, claro, o forasteiro que aparece para salvar o dia. Aqui, esse truque é emoldurado por uma porta aberta (sob a qual já se escreveram mil e uma dissertações), onde John Wayne (que encarnou este papel vezes sem conta) aparece na primeira imagem do filme e onde se recusa a entrar na última cena, mostrando que o seu lugar não é no lar.

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Mas A Desaparecida tem um carácter épico poucas vezes visto no cinema clássico norte-americano. A sua história é uma verdadeira epopeia, sobre um ex-soldado que persegue durante anos a tribo de índios que lhe raptaram a sobrinha. Para aqueles que sempre acusaram John Ford de ser uma reacionário, A Desaparecida não ajuda a rechaçar essa imagem, já que Wayne – um racista mesmo à bruta – só quer encontrar a sobrinha para lhe pôr uma bala na cabeça, uma vez que ter estado a viver com os peles-vermelha é pior sorte que a morte.

Muitos comparam A Desaparecida à Odisseia de Homero e não é uma associação descabida. Há qualquer coisa de épico na aventura e até uma Penélope a servir de barómetro à passagem do tempo, enquanto espera pelo seu amado: o sidekick que acompanha John Wayne na demanda pela sobrinha raptada. A Desaparecida é, por vezes, datado, mas é um dos exemplos máximo desse género muito específico, que é o western. E no final, quando Wayne carrega ao colo uma fresquinha Natalie Wood, quase que conseguimos ouvir os deuses do Olimpo cinéfilo a abraçarem-se com uma lágrima no canto do olho. Um McBacon para quem gosta e não gosta de filmes de bangue-bangue.mcbaconTítulo: The Searchers
Realizador: John Ford
Ano: 1956

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