No ano em que se celebra o centenário da I Guerra Mundial e os 70 anos da segunda, Hollywood trouxe-nos uma terceira guerra a nível internacional. No entanto, esta WWZ: Guerra Mundial não era tanto uma guerra com mão humana, mas antes uma guerra biológica. Se bem que fica sempre nas entrelinhas uma intervenção humana por detrás da ameaça que Brad Pitt vai tentar resolver. No entanto, tal como o final fica em aberto (mas com uma porta de esperança aberta, depois de duas horas de dizimação brutal), também a leitura política é aqui sempre secundária.
Politiquices à parte (incluindo a leitura pró-Israel que também se pode fazer daqui), WWZ: Guerra Mundial é antes um filme de acção. Ao contrário do que a premissa possa dar a entender – Brad Pitt, agente reformado da ONU, em périplo internacional pelo paciente zero de uma nova epidemia tipo raiva -, WWZ: Guerra Mundial não tem nada de confito biológico, tipo o recente Contágio, de Steven Soderbergh. É, pelo contrário, um filme de zombies puro e duro.
Apesar das semelhanças, não se pode incluir WWZ: Guerra Mundial nos zombie flicks, já que não respeita alguns dos códigos do género. Começando logo pelo facto de chamar a ameaça pelo nome de zombie. WWZ: Guerra Mundial é antes o típico filme de acção, action driven, a cem à hora, em que a ameaça é brutal: ao serem mordidos, os humanos tornam-se em mortos-vivos com um apetite voraz, que nada os faz parar, tornando-se em máquinas assassinas imparáveis.
Por isso, também não há propriamente um vilão em WWZ: Guerra Mundial. Há essa ameaça colectiva, há uma ideia subentendida de manipulação humana por trás, mas em 90 por cento do tempo é só Brad Pitt a correr, a fugir, a escapar e, claro, a matar. Num filme com um bodycount imparável. O resto do tempo é preenchido pelo romance de cordel habitual, mas nem sequer há tempo para mostrar pele.
Isto atira WWZ: Guerra Mundial para o campeonato do entretenimento puro, mais próximo da série b do que do blockbuster. E é este anacronismo que não deixa WWZ: Guerra Mundial ser melhor. Enquanto que todo o filme grita pela irrealidade do cinema xunga, Brad Pitt é claramente um herói saído dum filme-pipoca demasiado preocupado em manter os níveis de seriedade, com o seu cabelinho à foda-se, cachecol impecável e uma preocupação humanista acima da média. Um filme de desequilíbrios, que mesmo assim tem os seus trunfos, suficientes para um McChicken.
Título: World War Z
Realizador: Marc Forster
Ano: 2013