| CRÍTICAS | Vaiana

As vendas de bonecas da Elsa e da Ana devem ter começado a decair e a Disney decidiu repetir neste Natal a fórmula do Frozen, o mega-sucesso de 2013 que ninguém sabe muito bem porquê. Assim, Vaiana é o Frozen: O Reino do Gelo no Havai, mas em pior. Sim, porque o Frozen: O Reino do Gelo é fracote, principalmente para os pergaminhos da Disney.

Inspirado nas lendas mitológicas da Polinésia, Vaiana conta a história da filha do chefe de uma ilha do Pacífico (a estreante Auli’i Cravalho, a mais nova princesa da Disney de sempre, com apenas 14 anos) que, juntamente com o semi-deus Maui (Dwayne “The Rock” Johnson), tem de ir recuperar uma jóia perdida para acabar com o mal que afecta as colheitas da sua terra. Ou seja, nada de novo no reino da Dinamarca – uma princesa tem que salvar o dia, num coming of age com a inevitável redenção final, emparelhada com um insolente sidekick (o mais perto que alguma vez tivemos do Génio, de Aladino) que, de início se odeiam, mas que no fim são os melhores amigos.

Esta é a segunda vez que a Disney nos dá uma princesa sem um interesse romântico (Brave foi a primeira), num claro sinal de emancipação feminina. No entanto, o que podia ser um claro caso de girl power, acaba por parecer apenas uma jogada de marketing, destapada naquela cena final em que a pequena Vaiana, depois de alvar o dia e transformar-se de menina em mulher, recebe dos deuses uma vulva(!). True story!

Aliás, tudo em Vaiana parece um enorme truque de marketing, alguns deles mesmo muito maus. Ora vide o porco e o galo, que têm a cargo o comic relief da história. O galo perde a piada ao fim do segundo gag, limitando-se a repetir a mesma cena over and over again; e o porco… bem, o porco nem sequer aparece, apesar de todo o protagonismo que tem no trailer. Como diz o Tio Xunga, o porco foi metido à força no filme para que a Disney tenha o pretexto de fazer mais um boneco, mais pequeno e mais barato, para darmos aos filhos daqueles amigos que não gostamos assim tanto.

Parece que a Disney fez Vaiana com o primeiro rascunho do argumento, numa clara prova de que já nem quer saber para lá do dinheiro. A máquina mercantilista é que importa e, por isso, só interessa que haja figuras novas paravender merchandise e canções para encher CD de bandas-sonoras. E apesar das músicas serem todas esquecíveis, há uma que é a excepção que confirma a regra e que é, simultaneamente, o melhor do filme: Shiny, a theme-song do caranguejo de Jemaine Clement, um dos grandes nomes da comédia actual e que até num filme mau consegue brilhar.

Vaiana limita-se então a ser maior e mais ruidoso que os outros desenhos-animados, esperando conseguir assim enganar os mais distraídos. Muita explosão, muito fogo-de-artíficio, muitos inimigos cada vez maiores, mas tudo igualmente aleatório (ou ripado descaradamente de O Hobbit, como o tal caranguejo). Por isso, resumindo, Vaiana é assim: um Frozen: O Reino do Gelo no Havai realizado pelo Michael Bay. Um decepcionante Cheeseburger e que vai quase todo para a cantilena de Jemaine Clement.Título: Moana
Realizador: Ron Clements, John Musker, Don Hall e Chris Williams
Ano: 2016

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