Ainda hoje há quem não acredite na veracidade de Catfish e o acuse de fraude. De facto, não é fácil acreditar no documentário sensação e Henry Joost e Ariel Schulman, que depois viria a dar azo a uma série semelhante da MTV (e essa sim, parecia muitas vezes fake). Mas basta lembrar-nos das mil e uma vezes que a realidade ultrapassou a ficção para nos sentirmos mais descansados em relação a isto.
Catfish é o documentário caseiro que dois realizadores de espectáculos de dança decidem começar a fazer para acompanhar a relação virtual que Nev (irmão de um e amigo do outro) começa a desenvolver com uma família do outro lado dos Estados Unidos. A sua filha mais nova é uma pintora precoce de sucesso, que lhe começa a enviar quadros, Nev começa a falar com a mãe e acaba por desenvolver uma relação amorosa com a irmã mais velha.
Até aqui a única coisa estranha é o facto de como é que há gente que consegue criar relações afectivas desta forma – à distância e sem nunca conhecer a outra pessoa sequer. Mas hoje em dia, em que a nossa vida está toda nas redes sociais, isso já não espanta ninguém. Por isso, Nev segue a sua vida muito feliz, até que surge a oportunidade de ir visitar a “sua nova” família, quase na mesma altura em que descobre que a sua amada lhe mente quando diz que sabe cantar e tocar e que afinal se limita a enviar-lhe gravações copiadas do youtube.
Catfish é um daqueles documentários que chega a meio e que, afinal, se transforma noutra coisa totalmente diferente daquela que começou. E, como em todos esses exemplos, o twist que inverte toda a situação é altamente mindblown. No entanto, Catfish ainda tem um bónus, já que depois disto tudo ainda tem um desenrolar que tem tanto de imprevisível quanto de sincero e honesto. Um excelente ensaio sobre relações humanas, uma crítica mordaz ao globalismo da informação e das redes sociais e uma paleta de emoções explorar, neste home-documentary que é um McRoyal Deluxe sem espinhas.Título: Catfish
Realizador: Henry Joost & Ariel Schulman
Ano: 2010