Depois de aqui há uns anos Jesus Camp ter indignado a internet e os cinéfilos em geral, com o seu retrato de um campo de férias cristão norte-americano, Kidnapped for Christ apresenta-se como um promissor sucessor. O documentário de Kate Logan começara como um simples trabalho escolar e terminou quase num caso de polícia, com tanto de chocante quanto de polémico.
Kate Logan, uma cristã praticante e convicta, foi com todas as boas intenções fazer um documentário sobre uma escola/instituição para miúdos problemáticos situada na República Dominicana. No entanto, o que encontrou foi um regime militar, com castigos corporais e tortura psicológica, que mantinha os jovens contra a sua vontade.
A realizadora acaba por se empenhar pessoalmente naquela demanda e, quando um dos três jovens que começa a seguir de início (David Wernsman) lhe passa secretamente uma carta a pedir ajuda, atira às urtigas qualquer regra ou convenção fílmica de documentário. Kidnapped for Christ assume-se como um filme-denúncia, sempre muito mais perto da reportagem (com diálogos captados às escondidas e considerações pessoais de Kate Logan) do que do documentário de escala cinematográfica.
No entanto, não é Michael Moore quem quer e Kidnapped for Christ fica sempre ali entre o projecto pessoal e o caderno de encargos, onde as intenções são sempre o mais importante. No entanto, não deixa de ser chocante, sejam os testemunhos dos jovens (e os dos funcionários, a declararem que já “curaram” homossexuais com a ajuda de Jesus), seja com a informação que existem centenas de instituições como aquela espalhadas pelos Estados Unidos e que são totalmente legais. Um Double Cheeseburger com mais sabor antropológico, sociológico e psiquiátrico do que cinematográfico, que nunca faz esquecer Jesus Camp.Título: Kidnapped for Christ
Realiazador: Kate Logan
Ano: 2014