Finley Blake é uma cam girl, que ganha a vida exibindo-se em chats online para solitários, tipos cheios de fetiches estranhos e homens em geral. Além disso, mantém uma disputa acesa em tribunal pela custódia do seu filho. E passa muito tempo em casa, numa reclusão mais ao menos auto-imposta, forçada pela paranóia de desenvolver novamente um melanoma(!).
Em suma, é isso que ficamos a conhecer de Finley Blake neste pequeno documentário, Flesh Memory, rodado na intimidade do seu lar, mas aberto a esse pequeno ecrã para o mundo, que é a internet. Podia ser uma reflexão sobre essa relação, entre o real e o virtual ou entre o privado e o público. Mas Flesh Memory nunca passa de uma espécie de livro de intenções, que nunca é concretizado.
Além disso, o pouco que se fica a saber sobre a protagonista do filme tem sempre um ar de falso. Falso não, manipulado. Há um diálogo (monólogo?) com uma amiga, pelo skype, que não podia soar mais a forçado, para introduzir no documentário o tema do cancro.
Flesh Memory podia ser uma interessante curta-metragem, mas assim é apenas o rascunho para uma promissora longa-metragem. Ou não, nunca saberemos, porque não diz muito. Diz-nos que é bem filmado, que a câmara gosta de Finley Blake (e vice-versa) e que o Happy Meal fica bem entregue. Mas para qualquer assunto relacionado com cam girls, é favor sintonizar o Netflix e ver o Cam.
Título: Flesh Memory
Realizador: Jacky Goldberg
Ano: 2018