Valeria Golino, metade italiana metade grega, teve uma modesta carreira em Hollywood que todos nós, que tivemos uma educação cinéfila feita nos clubes de vídeo, ali entre o final dos anos 80 e os anos 90, nos lembramos mais ou menos, seja em filmes sérios como o Rain Man – Encontro de Irmãos seja em coisas mais brega como Ases Pelos Ares. Por isso, quem diria que a iríamos encontrar agora, tão formosa e segura, na cadeira de realizadora, nesta sua segunda experiência atrás das câmaras que responde pelo nome de Euforia?
Euforia é a história de dois irmãos, aparentemente muito diferentes entre si, mas que no fundo não podiam ser mais iguais. Matteo (Riccardo Scamarcio) é um rico empreendedor, que vive num luxuoso apartamento no centro de Roma, entre caprichos desnecessários, drogas recreativos e amantes ocasionais. E Ettore (Valerio Mastandrea) é um mais sensível e terra-a-terra professor, que deixou a mulher e o filho após se apaixonar por uma aluna e voltou para casa da mãe. Ambos são assim solitários à sua maneira, com diferentes complexos de culpa e dificuldades em comunicarem os seus sentimentos um com o outro.
Matteo vai trazer Ettore para a sua casa quando descobre que este tem um tumor terminal. E escondendo essa informação de toda a gente, vai tentar compensar o pouco tempo que resta ao irmão com o dinheiro que tem a mais. Euforia lembra Truman pela forma como lida com a fatalidade da vida, abraçando os mesmos temas: relações familiares, o amor e a paixão e o significado da vida.
Valeria Golino não só nunca deixa de ter o bom gosto de não enveredar pela lamechiche, como filma ainda Euforia com uma espécie de cinema de autor, com personalidade e um par de planos e sequências que ficam na retina. Se a história o cinema não se recordar dela pelos seus filmes enquanto actriz (também há o segmento da Madonna, em 4 Quartos), ao menos que se lembre deste sólido McBacon.
Título: Euforia
Realizador: Valeria Golino
Ano: 2018