24 necessita de ser redescoberto e o seu papel no crescimento da qualidade das séries televisivas actuais reavaliado. 24 precisa de mais amor da nossa parte. E isso tanto vale para Kiefer Sutherland como para o seu autor e realizador, Jon Cassar.
Serve este breve prólogo para introduzir o nome de Jon Cassar que, em 2015, aproveitou a amizade com Kiefer Sutherland para fazer o filme que muita gente já tinha querido fazer, mas que nunca tinham conseguido. Ou seja, um filme que juntasse Kiefer a Donald Sutherland. Pai e filho no mesmo filme, a fazerem de pai e filho. Com uma premissa destas, o filme estava logo ganho à partida.
Para dar dorma a isto, Cassar recorreu ao western e à sub-categoria do “pistoleiro arrependido que volta a casa”. Kiefer é um ex-soldado que, depois de ter experimentado matar, nunca mais foi o mesmo. Até que decide pendurar as armas, encher-se de coragem e regressar a casa. No entanto, ao contrário do filho pródigo, o pai de Kiefer – o reverendo da cidade – é todo ele desilusão e ressentimento pelo passado do filho.
Ao mesmo tempo está a acontecer na cidade a maior crise de especulação imobiliária do período pré-airbnb, com um agiota local a intimidar toda a gente a venderem-the os terrenos e a porem-se dali a andar. Apesar de não querer – e depois de aguentar muita humilhação -, Kiefer Sutherland vai mesmo ter de pegar nas armas e impôr a lei e a ordem. Porque se é algo que os forasteiros fazem nos filmes de cáubois é isso mesmo, restaurar a paz.
Redenção é assim um western que segue a fórmula com rigor e ao milímetro, unindo os pontos com o maior respeito possível pelos símbolos do género. As personagens são meros arquétipos que se limitam a fazer aquilo que esperamos que elas façam – pobre Demi Moore, em autêntico piloto automático – e o argumento é só uma questão de tempo até se resolver como nós já sabemos que se vai resolver.
O que até é pena, porque Cassar é bom a criar ambiente – Redenção podia muito bem ser um filme de Sam Peckinpah, com aquela dureza – e Kiefer Sutherland esforça-se a sério. Aliás, ele é o único que parece acreditar realmente no filme. É isso que faz com que este não seja uma filme totalmente dispensável e ainda mereça um Happy Meal para afiambrar o dentro.
Título: Forsaken
Realizador: Jon Cassar
Ano: 2015